O que faz corpo em psicanálise? A pergunta nos impele a abandonar qualquer concepção espontânea que o reduza a um ente dado, visível e facilmente mensurável. No discurso analítico, o corpo não é uma instância puramente anatômica, nem um organismo fechado em suas funções biológicas. Ele emerge como superfície simbólica, como matriz de inscrição do desejo e como o locus singular onde o sujeito se desdobra e se divide. Tá, mas o que isso quer dizer? Quer dizer que o corpo...
Mães de menino, segundo a psicanálise, não são apenas figuras de cuidado — são também lugares simbólicos de enlaçamento. Quando uma mãe investe excessivamente no filho, não como sujeito separado, mas como extensão de si mesma ou substituto inconsciente de um parceiro ausente, há uma inversão sutil: o amor vira fusão, e o vínculo, captura. Esse tipo de laço impede a entrada da alteridade — o filho não se separa, porque separar significaria ferir ou abandonar a mãe. Sem o...
A depressão é um fenômeno psíquico profundo, que ultrapassa os limites da tristeza passageira. Ela se manifesta como um estado de alma que evidencia um rompimento com o sentido da vida, gerando sensações de vazio, estagnação e desconexão interior. A psicologia analítica, fundada por Carl Gustav Jung, nos convida a olhar para a depressão não apenas como um transtorno a ser eliminado, mas como uma expressão simbólica da psique, um chamado do inconsciente para uma transformação...
Há artistas que pintam o mundo como ele é — e há aqueles que pintam o mundo como ele é sentido. Louis Wain pertence à segunda categoria. Sua obra, marcada por uma obsessiva representação de gatos, transcende o plano estético e nos convida a uma jornada interior, onde dor, mistério e beleza se entrelaçam em formas que desafiam a lógica e revelam o invisível. Mais do que um pintor excêntrico, Wain foi um visionário. Sua arte é um espelho da alma — não apenas da sua, mas...
A rotina é reconhecida como um dos pilares fundamentais para a promoção da saúde mental e emocional. Mais do que um conjunto de hábitos, ela pode ser um instrumento de regulação interna, que oferece estrutura, previsibilidade e segurança psíquica. Quando uma pessoa estabelece uma rotina funcional, ela ativa mecanismos de autocontrole, autorregulação emocional e recompensa interna. As pequenas ações repetidas diariamente — como acordar no mesmo horário, manter rituais matinais...