Postado por Flavia Franciny Costa Rojas em 26/05/2021 21:46
"Eu não deveria me sentir desse jeito", "eu preciso esquecer isso, é algo muito pequeno", "não foi a intenção de fulano, eu não posso ficar triste/bravo por isso", "tem gente com problemas piores", "se eu falar alguma coisa posso gerar algum conflito", "tenho que deixar isso pra lá, não sei porque fico me sentindo assim…"
Você já repetiu para si mesmo frases como essas? Elas parecem inocentes, mas se referem a um raciocínio muito comum de quem costuma invalidar os próprios sentimentos e, obviamente, a si mesmo.
Muitas vezes não percebemos, mas essas repetições falam muito da forma como nos vemos e como lidamos com nossas emoções. Quando vivemos repetindo que aquilo que estamos sentindo é algo que não vale a pena, que é pequeno e sem importância, colocamos nossa percepção de mundo como inferior, inadequada.
Mas vale lembrar que essa percepção não vem do nada, nossa formação enquanto sujeito é bastante influenciada no começo da nossa vida pelo pais e/ou cuidadores . Nem sempre quem esteve nesse papel de cuidado teve condições emocionais de conduzir situações em que precisávamos de apoio ao invés de julgamentos e punição. Com isso, as vezes sem nem perceber, muitos pais/cuidadores desqualificaram ou censuraram os sentimentos de seus filhos/criancas, reforçando neles a sensação de que suas necessidade e emoções não eram válidas.
Na idade adulta então tudo isso acaba se manifestando enquanto uma repressão dos sentimentos, sendo conduzido por frases que nos fazem acreditar que tudo o que sentimos não vale pena e que estamos exagerando. Quando na verdade o que nos ajudaria de fato não é passar por cima e querer tornar essas emoções invisíveis, mas sim acolhê-las.
Uma das formas de fazer isso é reconhecer que não há como lidar melhor com nossos problemas e sofrimento sem acolhê-los. Entender qur o que nos afeta é importante para nós e fala sobre nossas necessidade é um passo fundamental para validação dos nossos sentimentos.
Reprimir e tentar se esquivar de nossas emoções e dores só nos traz a sensação cada vez mais frequente de que o problema se tornou uma bola de neve ou que parece maior do que podemos suportar.
Fazer um movimento contrário a isso não é nada fácil, pois como já foi dito fez parte de toda a nossa constituição enquanto sujeitos. Mas é possível transformar essa forma de lidar com as nossas questões cuidando de nossa saúde mental e nos desprendendo de imagens rígidas e inferiorizadas que formamos sobre nós mesmos.
A psicoterapia proporciona um espaço de confiança e cuidado que permite acessar nossas vulnerabilidades sem sermos julgados. E nos ajuda a abordar e trabalhar sobre fatos que foram marcantes e difíceis na nossa história. Bem como sobre o que podemos fazer a partir de agora. E isso envolve se conectar com emoções desagradáveis mas também descobrir formas de lidar com elas que não seja desmerecendo ou censurando.
Dar a oportunidade para ouvir e acolher as suas dores é enfim reconhecer que suas necessidades e sentimentos não devem mais ser invalidados e que eles são importantes, pois falam sobre você e sua forma de lidar com o mundo. Reconhecer suas emoções, dar nome, se permitir sentir e compartilhar suas dores é um dos caminhos para esse processo de autocuidado e que poderá impactar sua qualidade vida e sua relações.
Por isso, se cuide. Se te afetou, é importante para você. Escute para saber o porquê.
Psicóloga Flávia Costa
CRP 05/60279
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