Postado por Rebeka Mesquita Vital Aquino em 30/05/2024 12:38
Em um mundo cada vez mais acelerado, parar, respirar e contemplar são práticas que se tornam não apenas desejáveis, mas essenciais para o bem-estar psicológico e a saúde mental. A rotina agitada, repleta de compromissos, responsabilidades e constantes distrações digitais, muitas vezes nos deixa desconectados de nós mesmos e do mundo ao nosso redor. Neste contexto, a importância de dedicar momentos para desacelerar e se reconectar com o presente se torna evidente, e a Gestalt-terapia oferece valiosos insights e técnicas para integrar essas práticas em nossas vidas diárias.
Parar é o primeiro passo neste processo. Trata-se de interromper o ciclo incessante de atividades e pensamentos para permitir que o corpo e a mente se ajustem. Parar não significa apenas um ato físico de cessar o movimento, mas também um ato mental de silenciar o ruído interno. Na Gestalt-terapia, parar é visto como uma forma de tomar consciência do momento presente, um dos conceitos centrais dessa abordagem. A Gestalt-terapia enfatiza a importância de estar plenamente presente no aqui e agora, de modo a evitar a alienação de si mesmo e do ambiente. Parar é o primeiro passo para sair do piloto automático e se tornar mais consciente de suas ações e emoções.
Respirar, por sua vez, é uma das práticas mais antigas e eficazes para alcançar um estado de calma e clareza. A respiração consciente é uma ferramenta poderosa que temos à nossa disposição a qualquer momento. Técnicas de respiração, como a respiração profunda, são amplamente utilizadas na Gestalt-terapia para ajudar os clientes a se tornarem mais conscientes de suas sensações corporais e emoções. A respiração profunda e lenta pode ajudar a trazer o foco para o presente e a reduzir a ansiedade. Ao nos concentrarmos na respiração, criamos um espaço para que a mente se acalme e o corpo se recupere, permitindo uma maior integração entre corpo e mente.
Contemplar é o estágio final deste processo de autocuidado. É o ato de observar, apreciar e refletir sobre o que está ao nosso redor e dentro de nós. Contemplar não é apenas olhar, mas ver com atenção e presença. Na Gestalt-terapia, a contemplação está ligada à capacidade de "dar-se conta", ou seja, estar consciente e atento às experiências do momento presente, tanto internas quanto externas. Fritz Perls, um dos fundadores da Gestalt-terapia, destacava a importância de estar em contato pleno com o aqui e agora, sem fugir para preocupações passadas ou futuras. A contemplação nos permite encontrar beleza e significado nas coisas simples, muitas vezes esquecidas na pressa do dia a dia, e promove um maior autoconhecimento e autenticidade.
A prática de parar, respirar e contemplar pode ser integrada em nossa rotina diária de diversas maneiras. A meditação, por exemplo, é uma forma estruturada de engajar nessas práticas. Sentar-se em silêncio, concentrando-se na respiração e observando os pensamentos sem julgamento, é uma maneira poderosa de cultivar a consciência plena. Na Gestalt-terapia, exercícios de consciência e meditação são frequentemente usados para ajudar os indivíduos a se conectarem com o momento presente e a explorarem suas experiências internas de maneira mais profunda.
Outro método eficaz é a prática da atenção plena nas atividades diárias, como comer, trabalhar ou interagir com outras pessoas. Isso significa dedicar atenção plena ao momento presente, observando sensações, pensamentos e emoções com uma atitude de curiosidade e aceitação. Na Gestalt-terapia, essa prática é conhecida como "experiência direta" e é considerada crucial para o desenvolvimento de uma maior consciência e autenticidade.
A importância dessas práticas se reflete em diversos estudos científicos que demonstram os benefícios da meditação e da atenção plena para a saúde mental e física. Pesquisas indicam que a meditação regular pode reduzir sintomas de depressão e ansiedade, melhorar a qualidade do sono, aumentar a resiliência ao estresse e até mesmo fortalecer o sistema imunológico. Além disso, a contemplação e a apreciação da natureza têm sido associadas a uma sensação de bem-estar, criatividade e uma melhor capacidade de resolver problemas.
No entanto, é importante lembrar que parar, respirar e contemplar não são soluções mágicas ou instantâneas. São práticas que requerem consistência e paciência. Pode ser desafiador, especialmente no início, acostumar-se a reservar tempo para essas atividades em meio a uma agenda lotada. Contudo, os benefícios a longo prazo para a saúde mental e emocional fazem com que o esforço valha a pena.
Em última análise, ao adotarmos essas práticas, estamos nos concedendo permissão para viver de maneira mais consciente e plena. Estamos nos permitindo fazer uma pausa, recuperar o fôlego e redescobrir a beleza e o significado que estão presentes em cada momento da vida. Parar, respirar e contemplar são atos de autocuidado que nos lembram que, apesar das pressões e das demandas do cotidiano, há sempre espaço para a paz interior e para a apreciação da jornada.
Assim, da próxima vez que se sentir sobrecarregado ou desconectado, lembre-se de parar, respirar e contemplar. Esses simples atos podem ser um bálsamo para a mente e o espírito, ajudando-nos a navegar pela vida com mais serenidade, clareza e gratidão. Através da lente da Gestalt-terapia, podemos ver essas práticas como ferramentas valiosas para desenvolver uma maior consciência de nós mesmos e do mundo ao nosso redor, promovendo uma vida mais autêntica e significativa.