Postado por Keliane Alves Pereira em 15/04/2025 15:36
Na vida real, ninguém é um mutante com superpoderes como o Professor Xavier, do universo dos X-Men. Ele tem a habilidade de ler mentes, saber exatamente o que os outros estão pensando. Mas, apesar de não termos esse poder, muitas vezes achamos que temos – e é aí que mora o perigo.
Na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), esse fenômeno é chamado de "leitura de pensamento", uma distorção cognitiva. Ou seja, um erro no modo como interpretamos a realidade, que nos leva a tirar conclusões precipitadas sobre o que os outros pensam ou sentem, sem nenhuma evidência concreta.
A leitura de pensamento acontece quando presumimos o que o outro está pensando, como se pudéssemos adivinhar seus pensamentos ou intenções. Exemplos comuns incluem:
“Tenho certeza que ele acha que sou incompetente.”
“Ela nem olhou pra mim, deve estar com raiva.”
“Estão rindo ali na frente, com certeza é de mim.”
Essas suposições não são baseadas em fatos, mas sim em interpretações automáticas da nossa mente, geralmente influenciadas por nossas inseguranças, medos e experiências passadas. E o problema é que, quanto mais acreditamos nessas ideias, mais elas afetam nossas emoções e comportamentos.
Imagine o seguinte: Você apresenta um trabalho na escola e, no final, o professor fica em silêncio. Sua mente dispara:“Ele deve ter achado péssimo. Tá decepcionado comigo.”
Você acabou de fazer leitura de pensamento – mas sem ser o Professor Xavier. E o pior: sem nenhuma prova real. Talvez o professor estivesse apenas cansado, distraído ou pensando na próxima tarefa do dia.
Esse tipo de pensamento pode gerar ansiedade, tristeza, insegurança, raiva e até nos levar a evitar situações sociais, criar conflitos desnecessários ou duvidar de nós mesmos sem motivo.
Questione seus pensamentos: Tenho provas concretas do que estou pensando? Ou estou apenas supondo?
Considere outras possibilidades: O que mais poderia explicar essa situação de forma mais realista?
Observe os fatos: O comportamento da outra pessoa realmente confirma esse pensamento?
Se comunique com clareza: Quando possível, converse diretamente com a pessoa envolvida. Perguntar evita mal-entendidos.
Registre seus pensamentos: Anotar o que você pensa e sente pode ajudar a identificar padrões e trabalhar suas reações de forma mais saudável.
Pratique o autoconhecimento: Quanto mais você entende suas emoções, menos refém se torna dos pensamentos automáticos.
A leitura de pensamento é uma armadilha comum, mas perigosa. Nos faz acreditar em histórias que nossa mente cria, como se fossem verdades absolutas. E isso nos distancia da realidade e das pessoas.
Lembre-se: presumir não é saber. Só o Professor Xavier pode ler mentes. Nós, meros mortais, precisamos confiar mais na comunicação do que na imaginação ansiosa. Pensar de forma crítica e questionar esses pensamentos automáticos é um passo essencial para o bem-estar emocional.
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Psicóloga Keliane Pereira
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