Postado por Viviane Azevedo Figueiredo em 14/11/2025 14:53
Relacionamentos afetivos são, em essência, espaços de troca, segurança emocional e crescimento. No entanto, quando o vínculo ocorre com alguém que apresenta traços narcisistas acentuados, especialmente o que a literatura psicológica descreve como narcisismo patológico ou características associadas ao Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN) é comum que o parceiro desenvolva sintomas significativos de ansiedade, insegurança e desgaste psicológico.
A seguir, compreendemos o que acontece nesses relacionamentos, por que a ansiedade surge e quais são os caminhos de tratamento e recuperação.
Sinais que podem caracterizar um parceiro narcisista
O narcisismo, em um nível saudável, faz parte da personalidade humana. Contudo, quando exacerbado, pode apresentar padrões como:
* Necessidade constante de admiração
* Dificuldade de empatia
* Tendência à manipulação emocional (gaslighting, silêncio punitivo, culpabilização)
* Hipersensibilidade a críticas
* Oscilação entre idealização e desvalorização do parceiro
Esses comportamentos estão descritos na literatura clínica, incluindo o *DSM-5*, como associados ao Transtorno de Personalidade Narcisista. É importante frisar que o diagnóstico só pode ser feito por um profissional, mas o impacto desses padrões é pode ser visível no parceiro afetivo.
Por que surge ansiedade nesses relacionamentos?
Relacionar-se com alguém de traços narcisistas costuma criar um ambiente emocional imprevisível. Os mecanismos que geram ansiedade incluem:
1. Instabilidade emocional crônica
O ciclo de idealização (fases de afeto intenso) seguido de desvalorização (críticas, afastamento, frieza) gera sensação de alerta contínuo. O parceiro aprende a “pisar em ovos” para evitar conflitos.
2. Erosão da autoestima
Comentários depreciativos, comparações e manipulações emocionais fazem com que a pessoa duvide de si, aumentando vulnerabilidade a sintomas ansiosos.
3. Gaslighting
Essa forma de manipulação — em que o narcisista nega fatos, distorce conversas ou desqualifica percepções — causa **confusão cognitiva**, insegurança e medo de errar.
4. Hiperativação do sistema de estresse
Pesquisas em neuropsicologia mostram que ambientes emocionalmente ameaçadores ativam de forma prolongada o eixo HPA (hipotálamo–hipófise–adrenal), elevando cortisol e favorecendo quadros de ansiedade.
5. Isolamento social
Parceiros narcisistas podem diminuir o contato da vítima com seus vínculos de apoio, intensificando a sensação de dependência e medo.
Sinais de que a ansiedade pode estar relacionada ao relacionamento
Você pode estar vivendo um relacionamento emocionalmente abusivo quando nota:
* Medo constante de desagradar
* Sensação de culpa sem motivos claros
* Questionamento frequente da própria sanidade
* Monitoramento obsessivo de mensagens, horários ou reações
* Sintomas físicos de ansiedade: taquicardia, insônia, aperto no peito
* Beliscões na autoestima que se acumulam com o tempo
A ansiedade, nesses casos, não surge “do nada”: ela é uma resposta adaptativa a um ambiente emocional hostil.
COMO A PSICOTERAPIA PODE AJUDAR?
A psicoterapia é um espaço seguro para reconstruir a identidade, resgatar a autoestima e aprender a reconhecer dinâmicas abusivas. O tratamento costuma incluir:
1. Psicoeducação
Compreender mecanismos do narcisismo e suas implicações reduz a culpa e facilita a tomada de decisões.
2. Reestruturação cognitiva
Processos da Terapia Cognitivo-Comportamental ajudam a identificar pensamentos distorcidos desenvolvidos no relacionamento, como:
“Eu não sou bom o suficiente” ou “Se eu tentar sair, nada vai dar certo”
3. Treino de limites
Aprender a estabelecer fronteiras firmes e reconhecer padrões de manipulação.
4. Regulação emocional
Técnicas para manejar ansiedade, como respiração diafragmática, grounding e reinterpretação de ameaças.
5. Fortalecimento da rede de apoio
Reconectar-se com família, amigos e atividades que reforcem autonomia.
É possível se recuperar?
Sim. Embora relacionamentos com pessoas narcisistas deixem marcas profundas, a recuperação é totalmente possível. A ansiedade tende a diminuir conforme a pessoa:
* Recompõe a autoestima
* Ganha clareza sobre a dinâmica vivida
* Retoma o controle da própria narrativa
* Reestabelece limites saudáveis
Muitos pacientes relatam, após o processo terapêutico, uma sensação de renascimento e liberdade emocional.
Quando procurar ajuda?
Se você percebe que o relacionamento tem sido uma fonte constante de sofrimento, insegurança e ansiedade mesmo nos “momentos bons”, buscar ajuda psicológica pode ser um passo essencial.
A terapia não serve apenas para “crises”; ela é um caminho de cuidado, proteção emocional e reconstrução.
Se você deseja conversar sobre seu caso ou entender melhor o que está vivendo, agende uma sessão. Estou disponível para acolher sua história com respeito, sigilo e empatia.
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Viviane Figueiredo - Psicóloga
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