Postado por Thamyres Bazilio Sanflorian em 25/02/2025 19:41
"Você é forte, vai superar." "Ah, mas ele é homem, é assim mesmo." "Mulher amadurece mais rápido."
Essas frases, tão comuns, costumam vir com boas intenções, mas carregam um peso invisível sobre os ombros das mulheres: a expectativa de que sejam sempre resilientes, inabaláveis, prontas para lidar com tudo e todos. Essa ideia, quando repetida, não só nega o direito à vulnerabilidade, como também impacta profundamente a saúde mental e física de muitas mulheres. Essa exigência social, especialmente entre as próprias mulheres, está ligada à positividade tóxica — a crença de que devemos manter uma postura otimista e resiliente o tempo todo, ignorando ou reprimindo sentimentos como tristeza, medo ou cansaço.
A sociedade há muito tempo romantiza a figura da "mulher forte", aquela que aguenta tudo e precisa manter tudo funcionando, especialmente dentro de casa. Histórias de mães solo, profissionais que superam barreiras e mulheres que "dão conta de tudo" são admiradas, mas frequentemente à custa de um sofrimento silencioso e invisibilizado. Para mulheres negras, essa cobrança é ainda mais cruel. O estereótipo da "mulher forte" negra tem raízes históricas e racistas, que desumanizam suas dores e transformam sua resiliência em uma obrigação social. Esse estigma ignora as dificuldades que enfrentam e reforça a ideia de que não têm o direito de demonstrar fragilidade ou cansaço.
A positividade tóxica faz com que emoções legítimas sejam vistas como fraqueza. Isso leva muitas mulheres a se sentirem culpadas por não corresponderem ao ideal de força constante. Como resultado, acabam se isolando, deixam de pedir ajuda e se esgotam tentando carregar um peso desnecessário, enquanto suas próprias necessidades são deixadas de lado. Essa exigência ignora a complexidade das experiências humanas e desrespeita o direito de ser vulnerável, de sentir dor e de errar. Força não significa ausência de fraqueza; força é ter coragem de ser autêntica e admitir que está tudo bem não estar bem o tempo todo.
Ninguém deve ser obrigada a ser forte o tempo inteiro. As mulheres precisam de espaço para viver suas emoções sem medo de julgamentos ou de rótulos como "histérica" — termo que, não por acaso, aparece com frequência na história da psicologia. O primeiro passo é validar os sentimentos, tanto os próprios quanto os de outras mulheres. Em vez de dizer "você vai dar conta", que tal perguntar "como você está se sentindo? Quer conversar?" Pequenas mudanças de atitude fazem uma grande diferença. Aceitar e expressar vulnerabilidade é um ato de coragem e autocuidado, não de fraqueza. A psicoterapia, por exemplo, tem se mostrado uma ferramenta essencial para essa jornada de autoconhecimento e bem-estar. Às vezes, só precisamos de um cafuné e Netflix