Postado por Beatriz Silva Xavier em 26/02/2025 15:55
Resumo do artigo:
Autoras: Beatriz Silva Xavier e Giovanna Fernandes Leite.
O câncer de colo do útero (CCU) é um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, sendo o terceiro tipo mais frequente entre as mulheres. A doença afeta, sobretudo, aquelas com menor acesso aos serviços de saúde, tornando o diagnóstico tardio e o tratamento mais complexo. Em muitos casos, a histerectomia – cirurgia para retirada do útero – é necessária, o que pode gerar impactos significativos na saúde mental das pacientes.
O diagnóstico e o tratamento do CCU estão frequentemente associados a sintomas depressivos, ansiedade, desesperança e baixa autoestima. O enfrentamento da doença desperta medos e angústias, principalmente devido às mudanças físicas e simbólicas que acompanham a retirada do útero. Para muitas mulheres, esse órgão está diretamente ligado à feminilidade e à identidade, tornando a histerectomia um processo emocionalmente desafiador. A incerteza sobre a vida após o tratamento, o impacto na sexualidade e as mudanças no corpo podem comprometer a qualidade de vida dessas mulheres. Além das questões individuais, o impacto também se estende às relações conjugais, sociais e familiares, aumentando a necessidade de suporte emocional.
O acompanhamento psicológico se mostra essencial em todas as fases do tratamento, auxiliando no enfrentamento das mudanças e na adaptação à nova realidade. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem sido uma abordagem eficaz para ajudar essas mulheres a ressignificarem suas percepções sobre si mesmas e lidarem melhor com o processo de tratamento. Além do suporte profissional, o papel da família como rede de apoio é fundamental para proporcionar conforto emocional e fortalecimento durante essa jornada. Um ambiente acolhedor e um suporte contínuo podem ajudar a reduzir os impactos emocionais e facilitar o enfrentamento da doença.
Outro fator relevante é a desigualdade no acesso ao tratamento, que afeta, sobretudo, a população negra. Apesar da existência da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, ainda há dificuldades no atendimento e suporte adequados, evidenciando a necessidade de estratégias mais eficazes e humanizadas para garantir a equidade no cuidado dessas mulheres. A falta de informação, o preconceito e as barreiras institucionais dificultam o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, agravando o quadro clínico e psicológico dessas pacientes.
Promover uma assistência integral que considere tanto os aspectos físicos quanto os emocionais do CCU é fundamental para melhorar a qualidade de vida dessas pacientes. Um atendimento mais humanizado, que ofereça suporte psicológico, social e médico adequado, pode garantir melhores resultados no tratamento, reduzindo o sofrimento emocional e proporcionando um enfrentamento mais saudável da doença.