Postado por Alex Correa de Souza em 27/01/2025 22:03
Ao iniciar um novo trabalho, a empolgação e a motivação são grandes. Você se dedica intensamente, sente prazer nas atividades e acredita que está no caminho certo para se destacar. Este entusiasmo, no início, é caracterizado pela satisfação e energia, sendo a motivação intrínseca a principal fonte de satisfação. É o momento da idealização do trabalho, onde se busca um alto desempenho.
“O profissional sente-se emocionalmente engajado e energizado, o que contribui para um início vigoroso e satisfatório nas tarefas, levando-o a investir mais do que o esperado” (MASLACH, 2003, p. 26).
O entusiasmo começa a ser acompanhado pelo aumento das demandas. Nesse estágio, a pessoa ainda acredita que trabalhar muito é uma forma de ser bem-sucedido, mas o estresse começa a afetar a saúde física e emocional. O sentimento de sobrecarga começa a surgir, embora o profissional ainda tente manter o ritmo acelerado de trabalho.
“O estresse, quando em níveis moderados, pode inicialmente ser benéfico ao indivíduo, aumentando sua produtividade. Contudo, a persistência do estresse pode levar a um desgaste emocional progressivo” (SCHAUFELI, 2017, p. 44).
Neste ponto, o estresse já ultrapassa os limites saudáveis e a pessoa começa a sentir os efeitos negativos do desgaste contínuo. A recompensa pelas longas horas de trabalho diminui, e a sensação de exaustão começa a afetar a produtividade. A frustração e a falta de motivação se tornam mais evidentes. A recuperação se torna cada vez mais difícil, especialmente quando o estresse é negado ou minimizado.
“O estresse crônico e a falta de tempo para recuperação contribuem diretamente para o início de um quadro de burnout, prejudicando tanto a saúde mental quanto a física” (LEITER; MASLACH, 2009, p. 58).
A perda de controle sobre as emoções e decisões é característica desta fase. O indivíduo se encontra no limite, com a sensação de estar esgotado fisicamente e emocionalmente. A mente e o corpo entram em um “modo de sobrevivência”, e o estresse crônico afeta profundamente a capacidade de tomar decisões racionais e de lidar com as demandas do trabalho.
“A negação dos sintomas do estresse e a falha em buscar apoio adequado agravam a situação, levando o indivíduo à perda de controle e à intensificação do quadro de esgotamento” (MASLACH; JACKSON, 1981, p. 73).
Nesta fase, o burnout está completamente instaurado. O indivíduo se sente emocionalmente exaurido e com a capacidade de funcionar comprometida. Além do estresse emocional, há sérios riscos para a saúde mental, como depressão, ansiedade e até o colapso físico. O afastamento do trabalho é muitas vezes necessário, mas a recuperação demanda tempo e cuidados adequados.
“O burnout, quando se instala de forma completa, pode resultar em um esgotamento extremo que impede o indivíduo de continuar desempenhando suas funções, sendo necessário buscar apoio psicológico e médico” (FREUDENBERGER, 1974, p. 142).
O burnout pode ser evitado ou tratado com intervenção precoce. Quando os primeiros sinais de estresse aparecem, é fundamental buscar apoio psicológico e tomar medidas para reduzir a carga de trabalho e aumentar a recuperação. Ignorar os sintomas ou continuar a trabalhar sem intervenção pode agravar significativamente a situação. Caso os sintomas já estejam avançados, é imprescindível procurar ajuda profissional para lidar com os danos causados pela síndrome.
É importante ressaltar que o burnout não afeta apenas a esfera profissional, mas pode ter impactos profundos na vida pessoal e social do indivíduo. Fatores como apoio social, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e a implementação de práticas de autocuidado são fundamentais para a prevenção. Estudos também sugerem que organizações com uma cultura de apoio ao bem-estar do funcionário, que oferecem flexibilidade e promovem um ambiente saudável, conseguem reduzir as taxas de burnout entre seus colaboradores.
A conscientização sobre o burnout, tanto por parte dos profissionais quanto das organizações, é essencial para mitigar os impactos negativos dessa síndrome. A colaboração entre psicólogos, médicos e gestores pode proporcionar uma abordagem mais eficaz para a prevenção e tratamento do esgotamento profissional.