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Você conhece a Terapia Cognitivo-comportamental (TCC)?

Postado por Alexandre de Oliveira Silva em 17/08/2022 21:59


A terapia cognitivo-comportamental surgiu com os experimentos do professor e assistente de psiquiatria na Universidade of Pennsylvania e psicanalista Aaron T. Beck, na década de 60. O Dr Beck acreditava que a psicanálise só seria aceita se tivesse comprovação científica, com isso no início da década de 60 e final de 70 ele dedicou-se a testar experimentos em seus pacientes, onde ele acreditava que a depressão era resultado da agressividade voltada contra si mesmo, e foi o que o levou a ter outras explicações para a depressão. Investigou os sonhos dos pacientes deprimidos e acreditava existir mais temas de hostilidade, e percebeu ser o oposto, os temas eram relacionados a fracasso, privação e perda e identificou que os conteúdos eram similares quando os pacientes estavam acordados, com essa pesquisa ele começou a acreditar que a necessidade de sofrer como era visto pela visão da psicanálise poderia ser incorreta (Beck, J 2011).

O Dr. Beck, passou a diferenciar a abordagem cognitiva da psicanalítica, focando o tratamento em problemas presentes, em oposição a desvelar traumas escondidos do passado, e na análise de experiências psicológicas acessíveis, ao invés de inconscientes (BECK, 1976;1979 apud KANNP e BECK, 2008, p. 54). Ele percebeu cognições negativas – pensamentos e crenças – quando em seu divã analisava os pensamentos dos pacientes em duas vertentes, uma de livre associação e outras de pensamentos rápidos e desenvolveu um tratamento de curta duração, o que era um teste de realidade do pensamento do paciente, ajudando o paciente a identificar, avaliar e responder ao seu pensamento disfuncional e a partir disso os pacientes começaram a ter melhora significativa (Beck, 2011a).

O Dr Beck, em seus estudos, recorreu à teoria de muitos pensadores da antiguidade, como Epíteto, um dos primeiros filósofos, como base para explicar e dar ênfase a seus estudos (BECK,2011b) e com neo-analistas Alfred Adler, Karen Horney, Otto Rank e Harry Sullivan que deram muita ênfase em entender e lidar com as experiências conscientes dos pacientes, e a necessidade de tratar os significados que os pacientes atribuem a situações que aconteceram em suas vidas. A teoria cognitiva foca nos processos intrapsíquicos (legado da teoria psicanalítica, porém as técnicas são mais semelhantes à terapia comportamental) e não no comportamento observável como na teoria comportamental (BECK,1984 apud KANNP & BECK, 2008).

Além disso, a estrutura teórica da teoria cognitiva teve contribuições de outras escolas, como a abordagem fenomenológica humanista à psicologia. Inspirada também em filósofos como Kant, Heidegger e Husserl, ela adotou a ênfase na experiência subjetiva consciente. Inspirou em Carl Rogers, com sua terapia centrada no cliente. A teoria do apego de John Bowlby foi uma fonte para o desenvolvimento da conceitualização cognitiva (BOWLBY, 1969 apud KANNP & BECK, 2008). De um ponto de vista filosófico, a teoria cognitivo comportamental pode ser considerada mais humanista, porque lida com sentimentos e pensamentos do paciente, já a terapia comportamental é considerada mais mecanicista (KANNP e BECK, 2008).

Para Aaron Beck, os pensamentos modificam o comportamento, ou seja, o paciente tem crenças nucleares que a partir de um evento/situação desencadeiam uma emoção e com isso um comportamento, essa ativação faz com que o paciente tenha um pensamento distorcido em relação ao evento estressor, ocasionando a alteração do humor. Como afirma Beck (1964 apud BECK, J, 2011) a terapia cognitivo-comportamental-TCC é uma psicoterapia estruturada voltada para o presente, de curta duração, direcionada para a solução de problemas atuais e a modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais.

Uma característica definidora da TCC é o conceito de que os sintomas e os comportamentos disfuncionais são cognitivamente mediados e, logo, a melhora pode ser produzida pela modificação do pensamento e de crenças disfuncionais (KNAPP e BECK, 2008).

A terapia tem sido adaptada a vários níveis de educação e renda, atende crianças pequenas e adultos, jovens e idosos. É aplicada na saúde, na educação, em penitenciárias, em programas vocacionais, entre outros. As sessões são limitadas no tempo num período de 45 minutos ou podem ser mais curtas dependendo do caso, como em pacientes esquizofrênicos que não conseguem tolerar uma sessão inteira e o profissional pode utilizar técnicas sem realizar uma sessão completa. (BECK, 2011)

A mesma autora afirma que esta terapia tem sido testada desde os primeiros estudos, sendo comprovados a eficácia em vários tipos de transtornos psiquiátricos, psicológicos e médicos com componentes psicológicos. A pesquisa e teste nos pacientes constatou que a terapia era tão eficiente quanto a imipramina, um antidepressivo comum. Era primeira vez que a terapia da palavra era comparada a um medicamento.

Referências: 

BECK, Judith. Terapia Cognitivo-Comportamental - Teoria e Prática. Artmed. 2011.

KNAPP, Paulo; BECK, Aaron T. Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa da terapia cognitiva. Rev. Bras. Psiquiatr. , São Paulo, v. 30, supl. 2, p. S54-s64, Outubro de 2008. Disponível em . Acesso em 05 de maio de 2017.






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