Postado por Bruna de Oliveira Novais em 26/10/2025 22:15
Para muitos indivíduos neurodivergentes, como pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), o uso de substâncias psicoativas surge como uma tentativa de lidar com experiências emocionais desafiadoras. Fatores como sensibilidade sensorial , dificuldades na interação social e o sentimento constante de inadequação e não pertencimento podem levar à busca por essas substâncias. Elas podem funcionar como moduladores de humor, alívio para a ansiedade social e sobrecargas sensoriais, ou como uma ferramenta para se sentirem mais funcionais em determinados contextos.
Estudos indicam uma prevalência maior de transtornos por uso de substâncias em pessoas neurodivergentes quando comparadas à população geral. Indivíduos com TDAH, por exemplo, apresentam um risco aumentado para o uso de álcool, tcocaína, tabaco e outras drogas, incluindo o uso indevido de psicoestimulantes como metilfenidato e lisdexanfetamina. Já em pessoas com TEA, embora a quantidade de estudos seja menor, pesquisas apontam que a presença de comorbidades como ansiedade e depressão aumenta a vulnerabilidade ao uso de substâncias, principalmente o álcool.
É fundamental entender que, longe de ser apenas uma busca por prazer, o recurso a essas substâncias frequentemente funciona como uma forma de automedicação para regular as emoções, facilitar a interação social, amenizar desconfortos sensoriais, melhorar o desempenho e buscar uma sensação de previsibilidade nas experiências internas.
Embora o uso de substâncias possa oferecer um alívio temporário, a automedicação a longo prazo tende a exacerbar os problemas de regulação emocional.
Os riscos significativos incluem:
-Desenvolvimento de dependência e transtornos por uso de substâncias.
-Piora de comorbidades como ansiedade e depressão.
-Interações medicamentosas perigosas com tratamentos prescritos.
-Dificuldade em desenvolver estratégias de enfrentamento saudáveis e adaptativas.
Portanto, é fundamental que pessoas neurodivergentes que consideram ou já fazem uso de substâncias busquem o acompanhamento de profissionais de saúde mental qualificados. Uma abordagem de redução de danos, aliada psicoteraía e, quando indicado, a tratamentos medicamentosos prescritos, pode oferecer caminhos mais seguros e eficazes para a regulação emocional. A compreensão das motivações por trás do uso de substâncias é o primeiro passo para oferecer um suporte verdadeiramente empático e eficaz.
Comorbidade entre o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e o abuso e dependência de álcool e outras drogas. Revista Brasileira de Psiquiatria (SciELO). Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/PsCctGVH9rQKhVQNpGwk6Kd/?lang=pt
TDAH e abuso de substâncias: qual é a relação? Portal Drauzio Varella. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/psiquiatria/tdah-e-abuso-de-substancias-qual-e-a-relacao/
DEPENDÊNCIA DE SUBSTÂNCIAS EM PESSOAS AUTISTAS E COM TDAH. Instituto Inclusão Brasil. Disponível em: https://institutoinclusaobrasil.com.br/dependencia-de-substancias-em-pessoas-autistas-e-com-tdah/
Consumo de drogas como estratégia de regulação emocional durante pandemia de COVID-19. Revista Psicologia em Pesquisa (UFJF). Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/psicologiaempesquisa/article/view/36131
Autismo: tratamentos psicofarmacológicos e áreas de interesse para desenvolvimentos futuros. Revista Brasileira de Psiquiatria (SciELO). Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/mQqCJBBZj3kmG7cZy85dB7s/?format=pdf&lang=pt
TDAH pode levar ao abuso de substâncias psicoativas. UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas). Disponível em: https://www.uniad.org.br/artigos/2-dependencia-quimica/tdah-pode-levar-ao-abuso-de-substancias-psicoativas
Bruna de Oliveira Novais - CRP 06/122310
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