Postado por Roseli Vieira em 01/11/2019 07:30
Em todos os relacionamentos há momentos bons e ruins, esteja você casado (a) ou só morando junto é uma união e quando ela é desfeita, a dor é quase inevitável.
Quando decide unir-se a alguém, existe o pensamento de que essa união é para sempre, ninguém pensa em unir-se para se separar em seguida. Todo ser humano anseia em ter um(a) companheiro(a) para compartilhar a vida, pois tudo fica mais fácil, mais gostoso quando temos alguém ao nosso lado, alguém para dividir as responsabilidades, para partilhar as alegrias, as tristezas, os prazeres, para juntos construir uma família.
Quando se ama alguém a ponto de desejar passar o resto dos dias com esse alguém imagina-se uma vida feliz, com muito mais momentos bons do que ruins, imagina-se um relacionamento com verdade, fidelidade, companheirismo, sexo, cumplicidade, brigas e reconciliações, idéias diferentes, tempo de ceder, tempo de fincar o pé, de negociar, de fazer surpresas e de ser surpreendido as vezes; e todas as idas e vindas de uma vida a dois.
Quando a traição aparece na relação, ela traz consigo o sentimento de rejeição, de se sentir um lixo, um nada, uma pessoa feia, sem atrativos, pois foi trocado(a) por outro(a), foi usado(a). É como se o seu mundo tivesse um ponto final, é a morte de um relacionamento que na sua cabeça nasceu para ser eterno. O pensamento do que a outra pessoa tem que eu não tenho? É mais jovem? É mais bonita? É mais inteligente? E o nosso tempo juntos não conta? A dor é tão grande, tão intensa que falta tudo: falta fome, falta sono, falta força para se reerguer, falta animo para contar o que aconteceu, falta um pedaço de você, um pedaço da sua vida. A vontade de se isolar, de chorar até se acabar em lágrimas. Sente raiva, mas sente muita falta do outro(a) também.
“Nenhuma tempestade dura para sempre”!
No momento da separação é muito difícil pensar que essa dor vai passar e que tudo vai voltar ao normal, mas vai e pode até ficar melhor. Por mais devastadora que seja a tempestade de uma separação, vai passar e aos poucos tudo vai voltando ao seu lugar, tudo vai sendo refeito, reconstruído. Claro cada pessoa tem o seu tempo, uns conseguem se refazer mais rápido do que outros.
Depois desse momento devastador que é a separação, vem a falta do outro, não tem mais aquela pessoa para partilhar as coisas da vida. Como ir ao cinema sozinho(a)? Precisa ir ao supermercado, quem vai olhar o filho pequeno? Cadê o outro para ouvir como foi o seu dia, para dividir as tarefas do jantar? Jantar sozinho(a), não dá e dormir sozinho(a) então, a cama fica enorme. Nem percebemos que tínhamos uma dependência afetiva do outro. Como ele(a) pode ir embora e não sentir tudo isso? Que raiva! Ele(a) deve estar feliz! É um sentimento conflitante o tempo todo, pois sente falta e raiva ao mesmo tempo.
Depois, vem a negação da separação dos defeitos do outro, como era bom a vida junto com o outro, uma pessoa que estava sempre ao meu lado, me ajudava. Viver sem o outro dói muito e vem a culpa, e os pensamentos: E se... que não saem da cabeça. E se eu não tivesse sido tão exigente? E se eu não tivesse dito aquilo? Esse eu tivesse reclamado menos? E se eu tivesse compreendido mais? E se eu tivesse ouvido mais? E se eu tivesse feito isso? E a raiva se volta contra você. Esquece que todo relacionamento é feito a dois, se você errou o outro escolheu ser parte desse erro, no mínimo foi cumplice na situação.
Depois vem a raiva contra ele(a), no inicio você só via as qualidade, agora os defeitos aparecem e você começa a ver a outra pessoa de forma menos romântica e mais realista, começa a lembrar de coisas que você não gostava, que incomodava no dia a dia, percebe que por um lado faz falta mas por outro, imaginar viver sem a desorganização que incomodava, a ausência constante nas reuniões de família, etc. é o momento de olhar para si, de se valorizar mais, de colocar aquelas roupas que gostava, mas como incomodava a outra pessoa não usava mais, de mudar o corte de cabelo, de elevar sua auto estima, de se cuidar e quem sabe mudar de visual. Começa a aceitação da separação e da nova realidade. É o momento de perceber que cada pessoa é responsável por suas escolhas e que você pode escolher se renovar, se gostar mais e com isso ser uma pessoa melhor. O outro é responsável por suas escolhas, por suas ações. Você não consegue mudar o outro.
A partir dai, você está pronto(a) para superar a separação e tocar a vida, agora você consegue olhar para trás e saber que existe futuro. O sentimento de liberdade volta a fazer sentido. Você recupera a sua força, sua esperança, sua vontade de viver. Assume o controle da sua vida. Não é fácil, mas você sabe que essa dor vai passar, e tem vontade de ir à luta, de superar essa fase e escrever uma história melhor, feliz.
Quanto tempo isso dura?
Depende de cada pessoa. O importante é não deixar de viver um novo amor, arriscar até encontrar a pessoa que seja uma contribuição para sua vida e seu viver. Tem pessoas que para não sofrer evitam se relacionar com alguém novamente e esquecem que não existe um filtro que impeça o sofrimento de chegar até você, quando alguém se fecha, também não deixa o amor chegar. Viver é experimentar, é tentar até dar certo. É lutar para ser feliz. É não se anular, mas sim partilhar a vida e existe muita vida depois de uma separação.