Postado por Caio Augusto Melville de Souza Zanis em 16/10/2025 12:54
Esse texto, essa cartinha, esse depoimento do Orkut são para você. Vindo como uma mensagem no MSN, chamando a atenção e balançando a tela, a idade batendo na cara, dor nas costas e vista cansada, ainda não é “velho”, mas se sente cansado como um. A Vida não é mais tão simples quanto antes, onde é só entrar no flogão, postar as fotos da festa da escola, ou postar junto com uma mensagem “triste” no Tumblr. De fato, passando dos trinta acabamos refletindo mais sobre nós mesmos, aonde chegamos, nossas realizações, nossos sucessos e fracassos. Será que o Eu de 20 anos, que tanto tinha certeza do mundo, pensará sobre o Eu de agora que não é o que sonhou. Vida é feita de casos e desacasos, encontros e desencontros, expectativas e realidades. Olhar para trás é pensar; O que sou agora?
Trazendo sobre a “Crise dos trinta e pouco”, trata-se de um momento de reavaliação da própria trajetória de vida, em que o indivíduo confronta suas expectativas passadas com a realidade presente. Aos trinta e poucos anos, o indivíduo já atravessou a juventude inicial e costuma estar inserido em papéis sociais mais estáveis como profissional, conjugal e familiar (ou não, né?). É o período em que muitos percebem que: alguns sonhos ficaram pelo caminho; as decisões tomadas no início da vida adulta têm consequências mais concretas; o tempo parece “acelerar”. uma fase de transição entre as tarefas de intimidade vs. isolamento (típicas do início da vida adulta) e as de generatividade vs. estagnação (que se intensificam por volta dos 40).
Nesse ponto, surge o questionamento:
“Estou construindo algo significativo?”
“Minha vida está indo na direção que imaginei?”
“Estou perdendo tempo?”
Sob uma lente existencial ou fenomenológica, a crise dos Trinta e poucos representa o encontro com a finitude e a liberdade. Até então, a ideia de “ter tempo” era predominante. Aos trinta e poucos, há uma percepção concreta de que nem tudo poderá ser vivido e isso provoca angústia. Muitos sentem: vazio ou desânimo, mesmo tendo conquistado objetivos; sensação de “estar atrasado”; comparação constante com pares (agravada pelas redes sociais); desejo de mudar de vida, profissão, cidade, relacionamentos, ou resgatar sonhos antigos. Essa crise, porém, tem um valor simbólico importante: ela marca o despertar da consciência para a autenticidade. É o momento em que a pessoa pode deixar de viver para corresponder às expectativas externas e começar a se perguntar o que realmente faz sentido.
Na psicanálise, esse tipo de crise é visto como um reencontro com os limites do Eu e da idealização. O sujeito, que construiu uma identidade com base em ideais (do “ter sucesso”, “ser reconhecido”, “fazer tudo certo”), se depara com as falhas e impossibilidades da vida real. Esse confronto pode gerar sintomas como ansiedade difusa, tédio, insatisfação, comportamentos impulsivos, ou até tentativas de “rejuvenescimento” (mudanças bruscas, compulsões, busca de novidade). Contudo, no processo analítico, esse sofrimento é visto como um movimento de reorganização psíquica, uma chance de o sujeito se reapropriar de seus desejos genuínos e revisar identificações que já não lhe servem mais.
E o que dizer da dimensão sociocultural? A crise dos trinta e poucos também refletem pressões sociais contemporâneas. A valorização do sucesso precoce, chegar nessa idade com tudo de bom, até porque “TRINTA E A IDADE DO SUCESSO” (sim, citei o filme De repente 30, o preferido da minha esposa!). O culto a juventude é presente, o adiamento dos projetos tradicionais como se casar, ter filhos, essa estabilidade que a sociedade cobra ainda mais ao chegar da idade. Esse excesso de possibilidades e pensar “podemos fazer tudo? Mas o tudo leva tempo e tempo não temos”. Vivemos uma época em que as trajetórias são múltiplas, mas a comparação é constante. Isso cria um sentimento coletivo de insuficiência.
Apesar do sofrimento que pode causar, a “crise dos 30 e poucos” é também um rito de passagem moderno. Ela convida a revisar escolhas, redefinir prioridades, fortalecer o autoconhecimento, construir uma relação mais realista e compassiva consigo. Ou seja, é crise porque há crescimento. O desconforto surge do atrito entre o “eu que fui” e o “eu que quero ser”.
Chegando ao fim do texto, é reforçar que essa época da vida é um grande marco de ressignificações. Nada é tão fácil quanto antes, saudades que minhas preocupações é andar de bicicleta, com o gameboy na mochila pronto para jogar Pokémon Red e tomar um guaraná. É entender que enquanto amadurecemos, é entender o que de fato é importante para nós, mas para nós mesmos e não para uma cobrança interna construída pelas pressões sociais. Manter sua essência e ainda se sentir jovem, mas um jovem que não comete os mesmos erros ou ser prepotente da certeza absoluta, ainda temos muito caminho para percorrer, mas não esqueçam de tomar água, se alimentar bem, ir ao médico, até porque queremos chegar na velhice e “reclamar dessa juventude que não aproveita nada”.
Até a próxima meus caros Millennials!
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