Erro

Perdas "invisíveis": Nem toda dor sentida, é vista.

Postado por Maiara Siqueira em 15/10/2024 12:27


Nem toda perda pode ser vista, mas isso não significa que ela não seja profundamente sentida. Às vezes, não é a ausência física de alguém que nos traz a dor, mas a despedida de algo que fez parte de quem somos — um sonho, uma fase da vida, uma relação, ou até mesmo a perda de uma versão de nós mesmos . Essas são as chamadas "perdas invisíveis", aquelas que, embora não sejam tangíveis, impactam profundamente a vida de quem vive. Segundo Worden, o luto não se restringe apenas à morte, mas a qualquer tipo de perda significativa, sejam essas perdas concretas ou simbólicas.

Essas perdas invisíveis podem ser difíceis de nomear e muitas vezes passam despercebidas para quem nos cerca. A dor de encerrar um ciclo, abrir mão de uma expectativa ou se despedir de uma fase pode parecer pequena aos olhos do mundo, mas, para quem a vive, ela pode ser imensa e paralisante. Como Bowlby destacou em suas pesquisas sobre o apego e o luto, o sofrimento pode surgir não só pela perda de uma pessoa, mas pelo rompimento de laços e conexões emocionais com momentos, projetos e até com o próprio “eu” do passado.

É justamente nesse tipo de perda que, muitas vezes, surge o silêncio — o silêncio que carrega as emoções não ditas, as lágrimas contidas, os sentimentos que não acolheram espaço para serem expressos. Esse é o luto que se vive por dentro, sem ser muitas vezes reconhecido pelo outro. Os psicólogos denominam essas experiências como “lutos não reconhecidos” ou “lutos desautorizados”, ou seja, aqueles que não recebem a validação social necessária para serem vívidos de forma aberta, o que pode intensificar a sensação de isolamento.

Essas perdas invisíveis podem gerar um sentimento de solidão e confusão, pois, sem o reconhecimento do outro, pode-se duvidar da própria dor e se perguntar se realmente há "direito" a sentir o luto. No entanto, é essencial entender que o luto é uma experiência subjetiva, válida em todas as suas formas. Mesmo que o mundo não veja ou reconheça sua perda, dentro de você, existe um espaço legítimo para sentir o que precisa ser sentido, sem uma necessidade de justificativas ou de comparação com a dor de outras pessoas.

Permita-se viver esse luto à sua maneira, no seu próprio tempo. Não há um prazo ou uma forma correta de lidar com perdas. A sua dor, assim como os sentimentos que a acompanham, são importantes e merecem ser ouvidos e respeitados.






X

Quer receber novidades?

Assine nossa newsletter!