Postado por Agatha Valadão de Freitas em 22/12/2023 15:36
A terapia cognitivo-comportamental pode ser conceituada como uma psicoterapia estruturada, focada na solução de problemas atuais e na modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais, uma vez em que o modelo cognitivo se baseia na concepção de que o pensamento disfuncional é um fator em comum a todos os transtornos psicológicos. Porém, é possível aprender a avaliá-los de modo mais adaptativo e realista, possibilitando uma melhora nas emoções e no comportamento do indivíduo (BECK, 2013). Nesse sentido, os cognitivistas trabalham num nível mais profundo de cognição: as crenças disfuncionais do cliente em relação a si mesmo, às outras pessoas e ao seu mundo. A mudança dessas crenças gerais altera também a percepção de um indivíduo diante de situações específicas do seu cotidiano (BECK, 2013, p. 23).
"Se o nosso pensamento é direto e claro, estamos mais bem equipados para atingir esses objetivos. Se estiver atolado por significados simbólicos distorcidos, raciocínio ilógico e interpretações errôneas, nos tornamos, de fato, surdos e cegos. Tropeçando sem um senso claro de onde estamos indo ou o que estamos fazendo, estamos destinados a nos machucar e aos outros". (BECK, 1988, p. 2).
Através disso, o terapeuta auxilia o cliente a rastrear os pensamentos automáticos relativos ao comportamento-problema e a encontrar respostas mais adaptativas a esses pensamentos, permitindo o cliente se comportar mais funcionalmente:
1) Aliança terapêutica: possibilita maior confiança e vínculo entre terapeuta e cliente. O terapeuta demonstra interesse genuíno pelo cliente ao ouvir atenciosamente o que lhe é trazido. Também demonstra empatia, competência e mantém um ponto de vista realisticamente otimista.
2) Participação ativa: Na TCC, terapeuta e cliente decidem juntos o que trabalhar e os exercícios que serão feitos entre uma sessão e outra. No início, o terapeuta pode sugerir uma direção para a sessão até que o cliente se sinta mais familiarizado com a terapia e se torne cada vez mais ativo nas sessões.
3) Focal e objetiva: o terapeuta solicita ao cliente o estabelecimento de objetivos específicos para que haja uma direção na terapia. Possibilita a solução objetiva e direta do pensamento/comportamento disfuncional.
4) Foco no presente: a terapia se volta a situações aversivas atuais que o cliente traz em seu relato, ou seja, o foco está no aqui-e-agora.
5) Psicoeducação: o terapeuta ensina o cliente a ser seu próprio terapeuta, explicando o quanto os pensamentos influenciam nas emoções e nos comportamentos e como identificá-los, avaliá-los e planejar uma mudança comportamental.
6) Limitada no tempo: o terapeuta tem por objetivo proporcionar redução dos sintomas, auxiliar o cliente a resolver seus problemas mais urgentes e ensinar estratégias para prevenção de recaída. Salvo em casos de esquemas mais rígidos, onde a terapia pode durar até mesmo alguns anos.
7) Sessões estruturadas: incluem uma parte inicial (verificação de humor, revisão rápida da semana), uma parte intermediária (revisão do exercício de casa e definição de um novo exercício para a semana) e uma parte final (dar/receber um feedback). Favorece a autoterapia após a conclusão do tratamento.
8) Identificação, avaliação e resposta aos pensamentos e crenças disfuncionais: o terapeuta auxilia o cliente a identificar pensamentos/crenças distorcidas e a obter interpretações mais realistas e adaptativas, o que leva o cliente a se comportar de modo mais funcional.
9) Técnicas: estratégias como questionamento socrático, descoberta guiada, solução de problemas, treino de habilidades sociais, dentre outras, facilitam a mudança do pensamento e do comportamento disfuncionais.