Postado por Francisca Tayhana de Queiroz Oliveira em 15/08/2025 10:01
Por Tayhana Queiroz – Psicóloga CRP 11/21399
Vivemos em uma era hiperconectada, onde cada deslizar de tela nos expõe a vidas aparentemente perfeitas, oportunidades irresistíveis e eventos imperdíveis. Nesse cenário, o FOMO (Fear of Missing Out) – o medo de ficar de fora – tornou-se um fenômeno psicológico comum. Ele nos coloca em estado de vigilância constante: e se eu não for? E se eu não ver? E se perder essa oportunidade significar perder todas as outras? Esse comportamento é alimentado por redes sociais, notificações incessantes e pela comparação silenciosa com a vida alheia.
O FOMO pode gerar ansiedade, insatisfação crônica e uma sensação de insuficiência. Mesmo quando participamos de algo, a mente pode permanecer inquieta, pensando no que “poderia” estar acontecendo em outro lugar. Com o tempo, essa busca desenfreada por experiências pode nos afastar do que realmente importa, nos deixando emocionalmente exaustos e socialmente dispersos.
No extremo oposto, encontramos o JOMO (Joy of Missing Out) – a alegria de não participar de tudo. Longe de significar isolamento ou indiferença, o JOMO é um posicionamento consciente: escolher experiências que façam sentido, recusar convites sem culpa e valorizar momentos de pausa e autocuidado. No JOMO, estar ausente de certos eventos não representa perda, mas sim liberdade para viver no seu próprio ritmo.
Enquanto o FOMO pode intensificar sentimentos de solidão, não pertencimento e desconexão com a própria identidade, o JOMO cria espaço para vínculos mais profundos e verdadeiros. Na contemporaneidade, pensar sobre saúde social é urgente. Não se trata apenas de ter amigos ou uma rede de contatos, mas de nutrir relações que fortaleçam nossa essência e contribuam para nosso bem-estar integral.
Uma vida cheia de compromissos pode parecer socialmente saudável, mas, se vivida de forma automática, corre o risco de se tornar vazia de sentido. Por outro lado, reservar tempo para si, para estar com quem importa e para cultivar interesses próprios, é uma maneira eficaz de proteger a saúde mental e social.
Pergunte-se: quais experiências você vive por desejo genuíno e quais por medo de ficar de fora?
Suas conexões reforçam quem você é ou apenas alimentam a comparação?
Existe espaço na sua rotina para o descanso social?
O equilíbrio não está em abolir o contato com o mundo, mas em escolher conscientemente o que nos aproxima de uma vida mais verdadeira. Estar presente não significa estar em todos os lugares — mas sim, onde realmente importa.