Postado por Paulo Barros em 06/11/2023 17:59
Por várias vezes ouvi relatos negativos em relação a psicoterapia por parte de clientes que integram a população LGBTQIAPN+. Muites(os)(as) já foram alvo de preconceito dentro de um espaço que deveria ser seguro, acolhedor e fortalecedor diante um mundo que ainda se apresenta intolerante frente a diversidade da vida. Embora no código de ética do profissional da psicologia conste que o atendimento não poderá contribuir com violências relacionadas a gênero e sexualidade, nossa profissão infelizmente ainda é permeada por psis que seguem atuando a favor das normas cisheteronormativas. Portanto, o receio/medo experienciado por muitas pessoas LGBTQIAPN+ ao procurar um atendimento psicológico, é totalmente pautado na realidade e compreensível, não devendo ser tratado como bobagem, evitando-se desta forma que mais uma situação de violência seja praticada. Muitas pessoas LGBTQIAPN+ infelizmente ainda vivenciam situações de preconceito em diversos espaços como família, escola, trabalho, igreja, entre outros. Há muitos anos a psicologia deixou de classificar a homossexualidade como um transtorno não mais a compreendendo como algo que deva ser tratado, o mesmo tem ocorrido em relação as vivências trans, não mais compreendidas como transtornos, não sendo necessário que estas pessoas sejam tratadas por serem trans. O nosso trabalho acaba indo na direção de auxiliá-las a lidar com um mundo que ainda se demonstra hostil a tudo que fuja do gênero normativo representado pela cisgeneridade. Portanto, a luta é grande, mas, como dito anteriormente, existem profissionais dentro da psicologia que seguem difundindo informações errôneas, desatualizadas e violentas que em nada contribuem para que o preconceito seja erradicado, pelo contrário, fortalecem condutas e pensamentos que tentam aniquiliar qualquer existência que não se encaixe naquilo que é considerado por eles/elas como ideal de gente.
Portanto, seu medo em procurar psicoterapia é real, sendo recomendável que busque mais informações em relação ao profissional que você estará contatando. Quando o atendimento estiver em andamento, permaneça atentes(as)(os) em como estará se sentindo nessa relação, e verifique bem se o desconforto que talvez sinta, seja algo apenas seu, ou se ele diz algo da relação. Nosso corpo é sábio e não devemos continuar nos submetendo a relações que alimentam tantas dores e sofrimentos.
A psicologia precisa atuar a favor da vida, de sua pluralidade, respeitando as diferentes formas de ser e estar neste mundo.
Paulo Barros
CRP - 07/39646
Whats: (95)981073544
Especialista em Sexualidade e Gestalt-terapeuta