Postado por Crislaine Ferreira de Melo em 27/05/2023 09:07
A gama de conteúdos na rede social Instagram é bastante diversificada, no entanto, tem muita visibilidade aquelas imagens com modelos e corpos que se enquadram no padrão normativo, destacando-se perfis que trabalham com os nichos de moda e estilo de vida. Sabe-se que uma grande parte das fotos passam por tratamento e edição para que “imperfeições” sejam escondidas, mas é possível que alguns usuários não considerem esse fato, e sintam-se insatisfeitos por não ter o corpo igual ou parecido. Custódio Júnior (2017) aponta que o aperfeiçoamento das imagens contribui para a manifestação da influência digital e social que os retratos podem exprimir, e que toda essa ambição por visibilidade reforça a ideologia de uma estética corporal padrão.
Ao colocar a fotografia como construção de identidades, o filósofo de imagens espanhol Fontcuberta (2012) elucida como o sujeito da pós-modernidade tem a fluidez de criar identidades para cada situação na qual está inserido, seguindo o pressuposto de que frente a uma câmera o indivíduo sempre é outro, pois tem a probabilidade de arquitetar a própria aparência. Assim, é sempre possível que o ser esteja se reinventando em fotografias, utilizando-se de identidades diversas para circular nos diferentes meios sociais, a fim de constituir um bom relacionamento para com suas fotografias. Tendo o compartilhamento de fotos como um novo sistema de comunicação, pode-se dizer que o ditado "uma imagem vale mais que mil palavras" se faz cada vez mais atual nas redes sociais, pois através de uma imagem pode-se inferir emoções, visão de mundo e pensamentos do dono da publicação.
As redes sociais são um recurso online que propiciou a comunicação instantânea, permitindo que atores interajam com suas conexões. Assim, as representações sociais podem ser geradas e propagadas a milhares de outros indivíduos diariamente, constituindo um processo de entender e comunicar entre eles, isso porque reúne pessoas com pensamentos semelhantes e permite o compartilhamento de ideia, fotos e vídeos. Antes das redes sociais as mídias já exerciam função de comunicação em massa com as revistas, TV, jornais e rádios, e já atuava como elemento da imaginação dos indivíduos, as mídias sociais, caracterizadas pelo compartilhamento entre indivíduos, diferem das demais mídias anteriores visto que essas eram unidirecionais, enquanto as mídias sociais ocorrem como via de mão dupla, ao mesmo tempo em que o usuário afeta também é afetado. Esse imaginário, que agora ocorre também por meio do Instagram, é responsável pela maneira de pensar e se perceber através do conteúdo midiático divulgado, no entanto, 14 nem sempre o que é postado é real e todas as idealizações de beleza, bem-estar, felicidade e sucesso pode tratar se de manipulação de imagem para influenciar os seguidores (LIMA; SILVA, 2021).
Nessa realidade de informações em abundância e fluidez, a imagem é uma ferramenta facilitadora na comunicação e captação de público. Dessa forma, tomam lugar importante ao dizer formas de pensar e viver corpo, abrangendo questões relacionadas à imagem corporal e estética. Além disso, a percepção do corpo vem se construindo e reconstruindo continuamente, e quando compreendido de forma biologicamente moldado pela sociedade pode ser um meio de compreender fenômenos sociais. São os fatores externos que motivam o sujeito a idealizar e desejar um corpo de determinadas características, modelando suas ações com base no que se considerada bom e normal pela sua cultura pertencente.
A pessoa seleciona informações provenientes de um repertório social, que auxiliam na elaboração do real e permitem que os fenômenos sejam descritos a partir do seu contexto de produção, de um processo de entender e comunicar.
Ou seja, é visto nas redes sociais aquilo que as pessoas querem que seja visto, nem sempre é a realidade “nua e crua” e quando nos baseamos nessa realidade falseada criamos metas e sonhos altos demais, nos deixando frustrados por não conseguir algo que muitas vezes nem a própria pessoa conseguiu.
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