Postado por Patrícia Sousa dos Santos em 28/04/2025 19:26
O gênero está relacionado com sua identidade, ou seja, a forma como a pessoa se reconhece. Esse reconhecimento pode ser como homem, como mulher, como ambos ou como nenhum deles.
A desigualdade de gênero que assola a sociedade brasileira, focando, sobretudo, na infl uência da cultura patriarcal, através de uma construção entre dominador e dominado, na qual gera um cenário propício a violência contra mulher. A questão cultural patriarcal como um fator que perpassa a educação, valores primariamente desenvolvidos e repassados de geração em geração.A violência contra a mulher por questões de gênero é uma realidade que percorre por diversas culturas e sociedades, existindo desde os primórdios da humanidade. A desigualdade de gênero retrata dados e fatos sofridos por mulheres ao longo da história, bem como demonstra de que forma isso impacta a sociedade contemporânea. A importância da equidade de gênero, na medida em que tal igualdade se apresenta como um dos princípios basilares à construção de uma sociedade verdadeiramente igual, justa e democrática. Ela surge do reconhecimento de que vivemos em uma sociedade que, sistematicamente, discrimina mulheres por seu gênero e estabelece o compromisso de alterar essa situação.Apesar da evolução humana, e conquistas de tantos direitos em meio a sociedade, ainda vivenciamos circunstâncias arcaicas como a violência praticada contra a mulher e desigualdade de gênero. Com isso, concluímos que tal situação se dá ao fato de que, os agressores são muitas vezes reprimidos pelo estado, no entanto, as punições de encarceramento não tem se apresentado como a melhor maneira de evitar tais ocorrências, uma vez que a única maneira de acabar com a violência é através da conscientização de homens e mulheres sobre o papel que desempenham no mundo.
A violência contra a mulher pode ser defi nida como "qualquer ato ou conduta baseada no gênero que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada" (BRASIL, 2016). Nada mais é do que várias espécies de agressões, até mesmo simbólica (vulnerabilidade na identidade de gênero ou orientação sexual).
Como funciona o ciclo de violência contra a mulher?
Em um primeiro momento, o agressor mostra-se tenso e irritado por coisas insignifi cantes, chegando a ter acessos de raiva. Ele também humilha a vítima, faz ameaças e destrói objetos.A mulher tenta acalmar o agressor, fi ca afl ita e evita qualquer conduta que possa "provocá-lo". As sensações são muitas: tristeza, angústia, ansiedade, medo e desilusão são apenas algumas.Em geral, a vítima tende a negar que isso está acontecendo com ela, esconde os fatos das demais pessoas e, muitas vezes, acha que fez algo de errado para justifi car o comportamento violento do agressor ou que "ele teve um dia ruim no trabalho", por exemplo. Essa tensão pode durar dias ou anos, mas como ela aumenta cada vez mais, é muito provável que a situação levará à Fase 2.
A fase 2 é conhecida como a Fase do Ato de Violência que corresponde à explosão do agressor, ou seja, a falta de controle chega ao limite e leva ao ato violento. Aqui, toda a tensão acumulada na Fase 1 se materializa em violência verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial.Mesmo tendo consciência de que o agressor está fora de controle e tem um poder destrutivo grande em relação à sua vida, o sentimento da mulher é de paralisia e impossibilidade de reação. Aqui, ela sofre de uma tensão psicológica severa (insônia, perda de peso, fadiga constante, ansiedade) e sente medo, ódio, solidão, pena de si mesma, vergonha, confusão e dor.Nesse momento, ela também pode tomar decisões - as mais comuns são: buscar ajuda, denunciar, esconder-se na casa de amigos e parentes, pedir a separação e até mesmo suicidar-se. Geralmente, há um distanciamento do agressor.
A Fase 3 se caracteriza pelo ARREPENDIMENTO E COMPORTAMENTO CARINHOSO. Também conhecida como "lua de mel", esta fase se caracteriza pelo arrependimento do agressor, que se torna amável para conseguir a reconciliação. A mulher se sente confusa e pressionada a manter o seu relacionamento diante da sociedade, sobretudo quando o casal tem fi lhos. Em outras palavras: ela abre mão de seus direitos e recursos, enquanto ele diz que "vai mudar".
Há um período relativamente calmo, em que a mulher se sente feliz por constatar os esforços e as mudanças de atitude, lembrando também os momentos bons que tiveram juntos. Como há a demonstração de remorso, ela se sente responsável por ele, o que estreita a relação de dependência entre vítima e agressor.Um misto de medo, confusão, culpa e ilusão fazem parte dos sentimentos da mulher. Por fi m, a tensão volta e, com ela, as agressões da Fase 1
O psicólogo pode desempenhar um papel fundamental no enfrentamento da violência de gênero, tanto na prevenção quanto no atendimento a vítimas e agressores. Esse trabalho exige sensibilidade, escuta qualificada e conhecimento das dinâmicas sociais e culturais que sustentam as desigualdades de gênero. Aqui estão algumas formas de atuação: