Postado por Katrin da Silva em 04/12/2025 12:34
Na Gestalt-terapia, entende-se que o sujeito passa por Ciclos de contato - o processo contínuo de interação de uma pessoa com o meio para satisfazer suas necessidades. O organismo considerado saudável passa pelas seguintes fases: Sensação, consciência, mobilização, ação, interação, conato final, satisfação e retirada. Dentro dessa perspectiva, cada experiencia considerada bem-sucedida é assimilada (a experiência é absorvida) e agora faz parte de um aporte maior, permitindo crescimento pessoal.
Quando esse ciclo funciona bem, você flui:
Sente a necessidade (fome, cansaço, desejo de falar).
Age para satisfazê-la (come, dorme, fala).
Sente-se satisfeito e segue em frente.
Cada experiência que se fecha se torna aprendizado e crescimento pessoal – a sua bagagem de vida.
Na prática, alguém com um ciclo de contato bem desenvolvido consegue estar presente, perceber suas experiências internas, reconhecer suas necessidades e agir de forma adequada, mantendo um fluxo contínuo de contato com o mundo ao seu redor. Já dificuldades nesse ciclo podem se manifestar como distrações, evasões, bloqueios ou desconexão com o momento presente, na interrelação organismo/ambiente. (MENDES et al. 2025, p. 6)
Quando esse ciclo é interrompido, ocorre o que é denominado de bloqueio de contato. O corpo trava. Na maioria das vezes esse bloqueio é acompanhado de uma sensação de estagnação, frustração e até mesmo sintomas físicos como ansiedade. Perls, um dos fundadores da Gestalt-terapia, chama o ponto máximo dessa paralisação de impasse: um estado no qual o sujeito se sente preso num “beco sem saída” e não consegue avançar.
Essa dificuldade em concluir o ciclo tem uma raiz fundamental na própria ideia de Gestalt — termo alemão que significa figura. Perls afirma que a Gestalt é algo completo. Quando a figura é fragmentada, temos pedaços. A Gestalt quer ser completada (ou concluída). Quando isso não ocorre, nos deparamos com o que Perls chama de "negócio inacabado" (do Ingles: Unfinished business) - isto é, Situações ou experiencias que não tiveram um êxito ou desfecho. Essas situações inacabadas pressionam até que o sujeito decide entrar em contato. Nesse sentido, o primeiro passo é dar-se-conta daquilo que é - isto é, você percebe que os padrões que bloqueiam o contato se tornam insatisfatórios. Elas faliram na tentativa de satisfazer suas necessidades. Com essa compreensão, você abre espaço para escolher novas formas de se relacionar com o mundo e consigo mesmo.
Referências:
DE ASSUNÇÃO, Dulcylene Barros; MENDES, Rose Cléia Maria Barros; PIMENTEL , Simone Rodrigues. CICLO DO CONTATO EM GESTALT-TERAPIA. LUMEN ET VIRTUS, [S. l.], v. 16, n. 48, p. 5433–5449, 2025. DOI: 10.56238/levv16n48-066. Disponível em: https://periodicos.newsciencepubl.com/LEV/article/view/5184. Acesso em: 3 dez. 2025.
PERLS, Frederick S. Gestalt-terapia explicada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1977.