Erro

Autoconfiança: a base invisível de uma vida com mais presença e clareza

Postado por Kênia Camile Corrêa em 23/07/2025 20:10


Você já parou para observar como algumas pessoas conseguem se posicionar com tranquilidade, tomar decisões com mais firmeza e seguir em frente mesmo quando enfrentam dificuldades? Em muitos casos, o que sustenta esse comportamento não é uma vida perfeita ou sorte — é autoconfiança.

Mas afinal, o que é autoconfiança? E por que ela é tão essencial no nosso dia a dia?

 

O que é autoconfiança (de verdade)?

Autoconfiança é a capacidade de confiar em si mesmo — nas próprias ideias, escolhas, percepções e possibilidades. É sentir que, mesmo diante de dúvidas ou desafios, existe dentro de nós uma base segura.

Segundo Albert Bandura (1997), essa confiança tem muito a ver com o que ele chamou de autoeficácia — a crença de que somos capazes de organizar e executar ações necessárias para lidar com diferentes situações da vida.

Não se trata de se achar melhor que os outros ou de ter todas as respostas. Pelo contrário: quem é autoconfiante reconhece que não sabe tudo, mas acredita que é capaz de aprender, tentar, se adaptar e seguir.

Ela se constrói na prática, em pequenas experiências do cotidiano: quando conseguimos dizer “não” sem culpa, tomar uma decisão sem precisar da aprovação de todo mundo, ou simplesmente nos acolher diante de um erro sem nos destruir por dentro.

 

Como a falta de autoconfiança pode afetar a vida

Muitas vezes, a falta de autoconfiança se disfarça de perfeccionismo, procrastinação ou medo do julgamento. Pode se manifestar como:
- Dificuldade em tomar decisões, mesmo as mais simples
- Sensação constante de que não é suficiente
- Comparações frequentes com os outros
- Medo de se expor, errar ou decepcionar
- Necessidade excessiva de agradar

 

Esse padrão cria um ciclo: quanto mais você duvida de si, menos tenta. E quanto menos tenta, menos confia na própria capacidade.

Como destaca Kristin Neff (2011), cultivar a autocompaixão é um dos primeiros passos para romper esse ciclo, já que permite acolher falhas e imperfeições com humanidade, sem se julgar duramente por isso.

Autoconfiança se constrói — e pode ser fortalecida

Autoconfiança não é um dom, nem um traço fixo. Ela é aprendida, nutrida e, acima de tudo, construída ao longo da vida.

Segundo Nathaniel Branden (1994), “a autoconfiança nasce do agir com propósito” — ou seja, é no movimento, e não na perfeição, que ela se fortalece. Algumas formas de desenvolvê-la:
- Observe seu diálogo interno: você é gentil ou crítico demais consigo?
- Celebre pequenas conquistas: não espere grandes feitos para se reconhecer.
- Aprenda com os erros: todo tropeço tem algo a ensinar.
- Expresse sua opinião com mais frequência, mesmo que seja em ambientes seguros.
- Busque autoconhecimento: entender quem você é ajuda a confiar no que você sente.

 

O papel da psicoterapia no fortalecimento da autoconfiança

Muitas pessoas só percebem que têm a autoconfiança fragilizada quando já estão vivendo o impacto disso: relações difíceis, ansiedade constante, falta de direção.

A psicoterapia oferece um espaço seguro para reconstruir essa base interna. Carl Rogers (1961), criador da Abordagem Centrada na Pessoa, defendia que o ser humano tem uma tendência natural à autorrealização, desde que seja acolhido com empatia, autenticidade e aceitação incondicional.

Ao ser escutado sem julgamento, a pessoa começa a se escutar também. Começa a perceber sua própria potência, a validar suas emoções e a recuperar a confiança nas suas escolhas.

 

Finalizando: confiar em si é um ato de coragem silenciosa

Autoconfiança não significa ter tudo sob controle. Significa seguir, mesmo sem garantias. É um processo contínuo de se acolher, se permitir e se respeitar.

E quanto mais você se aproxima de quem você é — sem máscaras, sem comparações — mais firme fica essa base que sustenta a vida.

 

Referências

Bandura, A. (1997). Self-efficacy: The exercise of control. New York: W.H. Freeman.
Neff, K. (2011). Self-Compassion: The Proven Power of Being Kind to Yourself. New York: William Morrow.
Rogers, C. (1961). Tornar-se Pessoa: Um ponto de vista da psicoterapia. São Paulo: Martins Fontes.
Branden, N. (1994). The Six Pillars of Self-Esteem. New York: Bantam.






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