Erro

Ansiedade e o Sistema Nervoso Central

Postado por Ágatha Stoll Andrade em 16/10/2025 22:49


A palavra ansiedade é frequentemente associada a algo negativo. Muita gente acredita que sentir ansiedade significa ter um problema emocional, falta de controle ou até fragilidade psicológica. Mas essa é uma visão distorcida. A ansiedade, na verdade, é uma resposta natural e necessária do corpo humano para lidar com situações que exigem atenção, adaptação ou proteção (Barlow, 2002).

A ansiedade faz parte do nosso sistema de sobrevivência. Ela só se torna um problema quando está desregulada, quando aparece em intensidade ou frequência que prejudica o funcionamento da vida diária — como interferir no sono, no trabalho, nos relacionamentos ou na capacidade de tomar decisões.

O que é ansiedade?

É uma resposta emocional e fisiológica diante da antecipação de uma possível ameaça (APA, 2013). Diferente do medo — que é uma reação imediata a um perigo real — a ansiedade está relacionada a riscos futuros, muitas vezes baseados em incertezas.

É como se o cérebro dissesse: “Prepare-se, algo pode dar errado”. Esse alerta faz com que o corpo se mobilize. Então, quando você sente taquicardia, tensão muscular, inquietação ou pensamentos acelerados, isso não significa necessariamente que há algo errado com você — significa que seu organismo está funcionando como foi programado evolutivamente para funcionar. A ansiedade passa a ser disfuncional quando o cérebro passa a reagir como se tudo fosse ameaça, mesmo quando não há risco real.

O papel do Sistema Nervoso Central (SNC) na ansiedade

Quando a gente fala de ansiedade, é preciso falar de Sistema Nervoso Central (SNC). É lá que todas as informações sensoriais e emocionais são processadas. Quando o cérebro interpreta algo como ameaça, várias áreas começam a trabalhar em conjunto. Entre as principais envolvidas na resposta de ansiedade, estão:

Amígdala

Considerada o “alarme emocional” do cérebro, a amígdala detecta possíveis ameaças e dispara reações rápidas de alerta. Ela é responsável por respostas como hipervigilância, medo e aumento do estado de alerta.

Hipotálamo

Ativa a resposta fisiológica ao estresse por meio do eixo HPA, liberando hormônios como o cortisol. É ele que aciona sintomas corporais típicos da ansiedade, como sudorese e taquicardia.

Córtex Pré-Frontal (CPF)

Essa região é responsável pelo pensamento racional e tomada de decisões. Em situações de ansiedade intensa, ela pode ser “desligada” temporariamente, dificultando pensar com clareza — por isso é tão difícil “se acalmar” apenas tentando “pensar positivo”.

Ínsula

Relacionada à percepção das sensações corporais, a ínsula faz com que a pessoa “sinta demais” o próprio corpo. Por isso a ansiedade aumenta a autoconsciência física — a pessoa percebe cada batida do coração, cada oscilação hormonal, cada tensão muscular.

Por que o sistema fica desregulado?

Quando o SNC fica superativado ou reage a estímulos neutros como se fossem perigosos, surge um padrão de hiperalerta. Fatores como genética, experiências traumáticas, rotina estressante, falta de sono, exposição crônica ao estresse ou aprendizado familiar de medo contribuem para essa desregulação (Clark & Beck, 2012).

Com o tempo, o corpo aprende a operar em modo de ameaça mesmo quando não há perigo verdadeiro. É assim que a ansiedade se torna persistente, desproporcional, difícil de controlar e acompanha sintomas físicos, cognitivos e comportamentais.

Mas calma, não é o fim do mundo. Técnicas de relaxamento, como observar a respiração, ajudam a regular o SNC. Em geral, qualquer coisa que diga "eu tô aqui, eu tô bem" podem ajudar a regular.

A ansiedade não é inimiga — é um mecanismo fundamental para garantir sua sobrevivência. Ela passa a ser um problema não porque existe, mas quando domina sua vida. Entender o papel do Sistema Nervoso Central nesse processo é o primeiro passo para lidar com a ansiedade com mais conhecimento, menos culpa e mais estratégias de regulação.

 

Referências

American Psychiatric Association (APA). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5ª ed.), 2013.

Barlow, D. H. Anxiety and Its Disorders: The Nature and Treatment of Anxiety and Panic. Guilford Press, 2002.

Clark, D. A., & Beck, A. T. Cognitive Therapy of Anxiety Disorders. Guilford Press, 2012.

 






X

Quer receber novidades?

Assine nossa newsletter!

Precisa de ajuda?