Erro

Quando a mãe é demais, quem o filho se torna fora dela?

Postado por Ana Clara Damasceno Palombo em 05/08/2025 18:29


Mães de menino, segundo a psicanálise, não são apenas figuras de cuidado — são também lugares simbólicos de enlaçamento.
Quando uma mãe investe excessivamente no filho, não como sujeito separado, mas como extensão de si mesma ou substituto inconsciente de um parceiro ausente, há uma inversão sutil: o amor vira fusão, e o vínculo, captura. Esse tipo de laço impede a entrada da alteridade — o filho não se separa, porque separar significaria ferir ou abandonar a mãe. Sem o corte simbólico (a função paterna que inscreve a falta), esse menino cresce com dificuldades de desejar livremente, de sustentar a diferença e de se vincular sem culpa.

Na vida adulta, isso costuma aparecer de forma silenciosa, mas repetitiva:


🔹 Relações amorosas que não se sustentam;
🔹 Idealização ou desprezo das mulheres;
🔹 Dificuldade em tolerar o desejo da parceira;
🔹 Sexualidade marcada por conflitos entre gozo e culpa;
🔹 Exigência inconsciente de que a mulher repita o lugar da mãe — disponível, devotada, sem desejo próprio.

Muitas vezes, esses homens dizem que “nenhuma mulher serve” ou que “se sentem sufocados”.
Na verdade, é o enlaçamento precoce com a mãe que ainda opera, por dentro, sem nome.

Uma mãe, para que seu filho possa se vincular com o outro, precisa saber se tornar, em algum momento, desnecessária.
Isso não é abandono — é função psíquica. Ao sustentar sua falta, ela permite que o filho a perca simbolicamente, e que deseje fora dela.
Quando a mãe ocupa tudo, o outro vira ameaça ou extensão. Quando ela sabe sair de cena, o desejo encontra espaço.
É nesse gesto silencioso de separação que a mãe deixa de ser centro — e o filho, sujeito. Podendo trilhar a sua própria vida e criar as suas próprias relações. 

O desejo é uma força poderosa que pode impulsionar as ações e decisões de uma pessoa, mas também pode ser fonte de conflito e sofrimento. A psicanálise oferece uma ferramenta valiosa para compreender e trabalhar com o desejo, permitindo que os indivíduos possam viver de forma mais autêntica e satisfatória. Mães, voces precisam se tornar desnecessarias para que seus filhos não precisem de voces.

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Ana Clara Damasceno

Psicóloga- CRP 06/181018

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WhatsApp: (16) 99772-0398






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