Postado por Sergio Marin em 11/10/2025 21:51
Vivemos em uma época em que muitos procuram eliminar o sofrimento, mas poucos buscam compreendê-lo.
Em consultório, nas escolas e na própria alma humana, percebo que o sofrimento não é apenas algo a ser evitado — é também um sinal, um convite à reflexão sobre o que realmente tem valor.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) nos ensina que nossos pensamentos influenciam diretamente nossas emoções e atitudes. Quando aprendemos a perceber e questionar os pensamentos automáticos que alimentam a dor, abrimos espaço para reconstruir significados.
Mas a reconstrução de significado vai além da mente — toca o espírito.
É nesse ponto que a Logoterapia de Viktor Frankl e a Psicologia Tomista se unem: ambas reconhecem que o ser humano não é apenas um conjunto de reações, mas uma pessoa chamada à transcendência.
Frankl dizia que “quem tem um porquê enfrenta qualquer como”.
Santo Tomás de Aquino, por sua vez, lembrava que o bem último do homem é unir-se ao que é Verdadeiro, Bom e Belo.
A busca de sentido, portanto, é também uma busca de comunhão com o que é eterno dentro e fora de nós.
O vazio existencial que tantos sentem hoje não é apenas psicológico: é espiritual. É o eco da desconexão com o próprio coração, com o Amor que dá origem à vida.
Quando o sofrimento chega — e ele sempre chega —, ele pode ser o momento em que a mente se silencia e o coração desperta.
Sofrer com sentido não é romantizar a dor, mas permitir que ela revele o que ainda precisa ser curado e amado.
Encontrar o sentido da vida não é um exercício de filosofia distante, mas um ato de coragem e fé.
É escolher viver com consciência, buscar coerência entre o que pensamos, sentimos e fazemos, e permitir que até o sofrimento se torne mestre.
Se o vazio ou o medo têm visitado sua vida, talvez não seja o fim — mas o recomeço de uma jornada para reencontrar o que é essencial.
A psicologia, quando aberta à dimensão espiritual do ser, ajuda a transformar dor em sabedoria, e culpa em responsabilidade amorosa.
O sentido da vida não se encontra apenas nos grandes feitos, mas nas pequenas fidelidades do dia a dia: na escuta, no cuidado, no perdão, na presença.
É ali, nas coisas simples, que o sofrimento começa a se dissolver — não porque desaparece, mas porque deixa de ter a última palavra.
“Onde está o teu tesouro, ali estará também o teu coração.” (Mt 6,21)
Talvez o primeiro passo seja apenas esse: redescobrir o seu tesouro.