Postado por Flavia Franciny Costa Rojas em 04/04/2022 11:50
Fazer escolhas é parte da nossa experiência cotidiana. Ainda que você não perceba, está diariamente tomando decisões sobre a sua vida. O que (ou se) vai comer, o que pretende vestir, quando pretende sair, que horas ou com quem. Essas escolhas diárias muitas vezes se encaixam em um categoria que não demandam uma reflexão mais profunda, com isso, acabamos não reparando muito nelas. Diferente do que acontece com as escolhas que “prometem” orientar nossa vida a longo prazo, como por exemplo qual profissão escolher ou se terminamos ou não uma relação.
Mas você já parou para pensar o quanto a escolha que você faz em dado momento e promete ressoar na sua vida ao longo do tempo tem como base a pessoa que você é única e exclusivamente em determinada fase? Eu gostaria de propor que você pensasse em como você era há 10 anos atrás. Pode ser que os seus 10 anos atrás corresponda, por exemplo, ao final da adolescência ou início da vida adulta (de 20 a 27 anos).Essa é uma época em que estamos rodeados de medos e incertezas, com isso, queremos nos agarrar a ideia mais firme e próxima que nos dê segurança e o pensamento de que faremos o “caminho certo”.
Com isso, pode ser que você tenha traçado um caminho repleto de escolhas que, naquele momento, correspondiam ao futuro que você gostaria de viver e que na sua visão de mundo era o que bastava pra ser feliz. Entretanto, com o passar do tempo e conforme foi amadurecendo, a vida ganhou outros contornos, suas opções se ampliaram, novos lugares e pessoas começaram a compor o cenário e…. ops. De repente os planos que estavam nos script já não fazem mais sentido. O que fazer com isso? Quais coordenadas seguir agora? Será que os planos de antes conseguem se sustentar em uma outra época?
Não quero aqui fazer um terrorismo contra uma organização mínima ou projetos de vida, sem eles aliás, eu nem teria terminado a faculdade de psicologia. Porém, te convido a pensar sobre algo que nesse percurso eu me deparei, seja na minha vida seja em contato com os pacientes: pode ser que, em um momento da vida, algo que você queria muito deixe de fazer sentido. Pode ser difícil de admitir no começo e mais ainda “largar o osso”, mas a verdade é que chega um momento que sabemos que continuar em um plano falido só vai trazer ainda mais sofrimento do que se tentar reorganizar a rota. As dúvidas vem e o medo de que algo dê errado rodeia os pensamentos, e o medo se torna uma sombra e não um aliado. Porém, é parte do caminho perceber que algumas coisas que foram planejadas no passado talvez só tenham espaço, mesmo, “lá atrás".
Tendemos a encarar as perdas como algo que no futuro irá nos faltar, porém, muitas vezes perder aquilo que já conhecemos e não serve mais é permitir que outras oportunidades com as quais não contávamos possam entrar e compor o rol de possibilidades. Isso requer um reposicionamento nosso frente aos acontecimento, sem dúvida, e fazer isso dá trabalho.
Porém imagina o trabalho maior que é ter que fingir que não está vendo o que você já está.
Algumas escolhas e planos que você fez no passado, podem ter sido influenciadas pelo contexto, opções, ao conhecimento que tinha, pessoas que você conhecia ou lugares que frequentava em uma época. E está tudo bem se dar contar, no caminho, que isso não comporta mais quem você é. O passado pode não fazer mais sentido, e essa é a sua sorte, ele é o passado, ficou lá atrás. Imagina que grande adivinhador você seria se o seu eu de 10 anos atrás pudesse prever e determinar tudo que seu eu de agora quer e deve se contentar. Não se ver mais nos planos que outrora faziam sentido não precisa ser um fardo, mas uma oportunidade.
Psicóloga Flávia Costa
CRP 05/60279
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