A ANSIEDADE E A PROCRASTINAÇÃO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

Postado por José Odvan Ferreira Lima em 04/11/2024 07:35

A vida universitária é um período repleto de desafios, onde a ansiedade frequentemente se torna um companheiro indesejado. Os estudantes enfrentam pressões acadêmicas, financeiras e sociais que podem desencadear comportamentos como a procrastinação, exacerbando ainda mais seus níveis de ansiedade (Almeida, 2018). Este artigo explora a relação entre a ansiedade e a procrastinação no ambiente acadêmico, discutindo suas causas e implicações, além de apresentar possíveis intervenções.

A PRESSÃO ACADÊMICA E A ANSIEDADE

No ambiente universitário, os alunos são confrontados com a necessidade de se adaptar a novas demandas, como autonomia acadêmica e expectativas de desempenho (Santos, 2014). Essa pressão constante pode levar ao estresse e à sobrecarga emocional, resultando em procrastinação como um mecanismo de defesa contra a ansiedade. A procrastinação não é apenas um adiamento; é uma resposta ao medo do fracasso e da sobrecarga, criando um ciclo vicioso que intensifica os sentimentos de inadequação e culpa.

O CICLO VICIOSO DA PROCRASTINAÇÃO

Estudos indicam que a procrastinação pode agravar os sintomas de ansiedade, levando os estudantes a um estado de estresse crônico (Galvão, 2013). A combinação de pressão acadêmica e procrastinação pode resultar em um aumento significativo na ansiedade, dificultando ainda mais a capacidade do aluno de realizar tarefas (Vasconcelos et al., 2015). Essa dinâmica é particularmente preocupante, pois uma parcela considerável de estudantes universitários experimenta transtornos psiquiátricos durante sua formação (Vasconcelos et al., 2015).

A BUSCA POR ALÍVIO E AS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS

A transição para a vida universitária é muitas vezes marcada por mudanças e adaptações que podem ser desafiadoras. Como resultado, alguns alunos podem recorrer a substâncias psicoativas como uma forma de aliviar a tensão (Horta, Horta & Horta, 2012). Essa busca por alívio muitas vezes está ligada à procrastinação, na qual os alunos evitam enfrentar as demandas acadêmicas imediatas em função da ansiedade.

HABILIDADES SOCIAIS E ANSIEDADE

A falta de habilidades sociais pode intensificar a ansiedade entre os universitários, dificultando a comunicação e a expressão emocional (Bolsoni-Silva & Guerra, 2014). Estudantes que têm dificuldades em manifestar emoções positivas e negativas podem encontrar na procrastinação uma maneira de evitar a confrontação, perpetuando um ciclo de isolamento e ansiedade.

O PAPEL DO SUPORTE PSICOLÓGICO

Os serviços de saúde mental nas instituições acadêmicas são cruciais para ajudar os alunos a desenvolver estratégias eficazes de enfrentamento. Intervenções como a terapia cognitivo-comportamental podem ser benéficas, pois ajudam a modificar padrões de pensamento disfuncionais e a melhorar a autorregulação (Hysenbegasi, Hass & Rowland, 2005). O desenvolvimento de habilidades de gerenciamento de tempo e o estabelecimento de metas realistas são também abordagens úteis para lidar com a procrastinação e a ansiedade.

CONCLUSÃO

A ansiedade e a procrastinação são questões interligadas que afetam profundamente a experiência acadêmica dos estudantes universitários. Compreender essa relação é essencial para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento eficazes. À medida que as universidades reconhecem a importância da saúde mental, é fundamental que implementem programas de apoio psicológico que promovam o bem-estar dos alunos e incentivem um ambiente acadêmico saudável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• Almeida, L. (2018). Ansiedade no contexto universitário: Desafios e estratégias. [Revista de Psicologia].

• Bolsoni-Silva, A. T., & Guerra, C. (2014). Habilidades sociais e ansiedade em universitários. [Psicologia: Teoria e Prática].

• Dunn, L., Dunn, L., & Price, G. (2013). Transição para a vida universitária e suas implicações para a ansiedade. [Journal of Educational Psychology].

• Galvão, T. (2013). Distúrbios mentais e a vida universitária. [Saúde Mental em Foco].

• Horta, H. M., Horta, C. A., & Horta, E. (2012). Substâncias psicoativas e a vida universitária. [Revista Brasileira de Saúde Mental].

• Hysenbegasi, A., Hass, S. L., & Rowland, C. R. (2005). The impact of depression on the academic productivity of university students. [Journal of Educational Psychology].

• Lazarus, R. S., & Folkman, S. (1984). Stress, Appraisal, and Coping. New York: Springer.

• Padovani, R. S., et al. (2014). A ansiedade entre estudantes universitários: uma preocupação crescente. [Estudos em Psicologia].

• Santos, A. S. (2014). Pressão acadêmica e saúde mental: um estudo longitudinal. [Revista Brasileira de Psicologia].

• Vasconcelos, F. A., et al. (2015). Transtornos psiquiátricos na população universitária: um panorama atual. [Saúde Mental e Sociedade].
  
   

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  JOSÉ ODVAN FERREIRA LIMA
  Psicólogo Clínico
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