Postado por Wanessa Viegas Lemos em 04/02/2025 14:32
Muitas vezes, somos levados a acreditar que tudo o que sentimos reflete a realidade de maneira absoluta. Se sentimos medo, concluímos que algo perigoso está prestes a acontecer; se nos sentimos rejeitados, assumimos que ninguém nos valoriza. No entanto, essa interpretação imediata nem sempre corresponde aos fatos.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) nos ensina que existe uma conexão entre pensamento, emoção e comportamento. Essa interação é conhecida como a tríade cognitiva, e compreender como esses elementos se influenciam pode nos ajudar a lidar melhor com nossos sentimentos e reações.
De acordo com a TCC, nossos pensamentos influenciam diretamente as emoções que sentimos e, consequentemente, os comportamentos que adotamos. Esse ciclo funciona da seguinte maneira:
Pensamento: É a interpretação que fazemos da realidade. Muitas vezes, pensamentos automáticos negativos surgem sem que percebamos.
Emoção: As emoções são reções internas geradas pelos pensamentos. Um pensamento distorcido pode resultar em emoções intensas, como ansiedade ou tristeza.
Comportamento: A forma como agimos é influenciada por aquilo que sentimos. Muitas vezes, tomamos decisões impulsivas com base em emoções passageiras.
Por exemplo, imagine que você envia uma mensagem para um amigo e ele demora a responder. Se você pensa: "Ele não quer mais falar comigo", pode se sentir triste ou rejeitado e decidir não interagir mais com ele. No entanto, se considerar que "Ele pode estar ocupado", a emoção será diferente, e o comportamento também.
Um dos princípios fundamentais da TCC é que nossos pensamentos nem sempre refletem a realidade. Muitas vezes, sofremos por interpretar os fatos de forma distorcida. Algumas das principais distorções cognitivas incluem:
Generalização: Tirar conclusões definitivas com base em um evento isolado. Exemplo: "Errei nesse projeto, então sou incompetente em tudo".
Leitura da mente: Acreditar que sabemos o que os outros estão pensando sem evidências concretas. Exemplo: "Ele está calado, deve estar bravo comigo".
Catastrofização: Supor que o pior sempre vai acontecer. Exemplo: "Se eu errar na apresentação, todos vão me julgar e nunca mais terei credibilidade".
Personalização: Acreditar que somos os responsáveis por tudo de negativo ao nosso redor. Exemplo: "Se meus amigos não estão felizes, deve ser culpa minha".
Reconhecer esses padrões de pensamento e aprender a questioná-los é um dos objetivos da terapia cognitivo-comportamental.
A boa notícia é que podemos aprender a modificar pensamentos disfuncionais e, com isso, transformar nossas emoções e comportamentos. Algumas estratégias incluem:
Identificar pensamentos automáticos: Anote pensamentos negativos recorrentes e analise se eles realmente fazem sentido.
Procurar evidências: Pergunte-se: "Tenho provas concretas para acreditar nisso?" ou "Existe outra explicação possível para essa situação?".
Reformular a interpretação: Troque pensamentos distorcidos por afirmações mais realistas. Exemplo: Substituir "Ninguém se importa comigo" por "Algumas pessoas podem não demonstrar interesse da forma que eu gostaria, mas isso não significa que não se importam".
Observar padrões de comportamento: Se você percebe que sempre age de uma determinada maneira diante de emoções negativas, tente experimentar respostas diferentes.
Praticar a autocompaixão: Em vez de se criticar severamente, tente tratar a si mesmo com a mesma gentileza que trataria um amigo.
A forma como pensamos impacta diretamente a maneira como nos sentimos e nos comportamos. Entender que nem tudo o que sentimos é um reflexo fiel da realidade é um passo fundamental para desenvolver uma mentalidade mais equilibrada e saudável. A Terapia Cognitivo-Comportamental nos ensina que podemos desafiar nossos pensamentos automáticos e modificar padrões de comportamento que geram sofrimento desnecessário.
Se você sente que suas emoções estão dominando sua vida de maneira negativa, buscar ajuda profissional pode ser um caminho valioso. O autoconhecimento e a reestruturação cognitiva são ferramentas poderosas para viver com mais bem-estar e clareza emocional. Afinal, nem tudo o que pensamos é verdade, e aprender a questionar nossos pensamentos pode nos libertar de muitas angústias.