Postado por Jaciara Vasconcelos Rodrigues em 09/06/2025 17:58
Em muitos relacionamentos, é comum que uma das partes comece a se anular para manter o vínculo. Isso pode acontecer de forma sutil e gradual: a pessoa deixa de expressar o que sente de verdade, ignora seus próprios limites, evita conflitos a qualquer custo e prioriza as necessidades do outro, esquecendo das suas. Esse movimento, quando repetido ao longo do tempo, se transforma em um processo doloroso chamado autoabandono.
O autocuidado vai muito além de simples hábitos diários, trata-se de um compromisso profundo e constante com o próprio bem-estar emocional, físico e psicológico. Ele é fundamental para que possamos estar inteiros em uma relação saudável. Sem esse cuidado essencial, nos perdemos de nós mesmos e nos tornamos cada vez mais vulneráveis.
Os sinais do autoabandono nem sempre são claros ou fáceis de identificar no início. A pessoa pode começar a se sentir esgotada emocionalmente, com dificuldade para tomar decisões simples, baixa autoestima e a sensação constante de estar “devendo” algo ao outro. Muitas vezes, há um medo constante de ser rejeitada, o que a leva a se moldar, silenciar suas opiniões e se adaptar em excesso, acreditando que isso garantirá o afeto e a permanência do outro.
Esse padrão costuma estar enraizado em experiências anteriores de insegurança emocional, carência afetiva ou relações marcadas por rejeição. A crença equivocada de que é preciso “se anular para ser amado” pode estar presente, mesmo de forma inconsciente, dificultando a quebra desse ciclo.
Com o tempo, a falta de autocuidado nas relações gera sofrimento profundo. Surgem frustrações, ressentimentos, sensação de esvaziamento e, muitas vezes, dependência emocional. Relações construídas sobre o medo de perder e não sobre a liberdade de escolher permanecer tornam-se desequilibradas, fragilizadas e tóxicas.
Resgatar o autocuidado é essencial para reverter esse cenário. Isso envolve reconhecer seus próprios limites, validar suas emoções, fazer escolhas conscientes e se colocar como prioridade — não por egoísmo, mas por saúde emocional. Amar o outro não deve significar abrir mão de si mesmo. Relacionamentos verdadeiramente saudáveis são aqueles em que ambos se cuidam, se respeitam e se escolhem com liberdade.
Autocuidar-se é um ato de amor próprio e coragem. Quando nos amamos, criamos vínculos mais leves, autênticos e verdadeiros, que nutrem nossa existência e felicidade.