Erro

Por que tenho medo de ser feliz?

Postado por Diego do Nascimento Souza em 18/10/2025 16:23


     Há pessoas que, diante da felicidade, se retraem. É como se algo dentro delas dissesse: “Não confie nisso, vai acabar logo.” E, de fato, acabam afastando o que mais desejam. O medo da felicidade não é falta de merecimento, é um reflexo de feridas antigas — marcas emocionais que associaram o prazer à perda, o amor à dor, a alegria ao medo de que algo ruim aconteça logo depois.

     Crescemos aprendendo que a vida não é fácil, que tudo que vem rápido demais não dura, e que a felicidade plena é um luxo. Só que, inconscientemente, isso cria um bloqueio: cada vez que algo bom acontece, a mente procura o defeito, o risco, o possível fim. É o mecanismo de defesa de quem já se feriu tentando ser feliz demais.

     Em muitos casos, o medo da felicidade está ligado à culpa. Culpas por estar bem quando alguém próximo não está, por ter superado algo que outros não conseguiram, por se permitir sorrir depois de uma perda. É como se a mente sabotasse o direito de recomeçar. E assim, o prazer se torna um fardo — algo que exige justificativa para existir.

     Outras vezes, a pessoa aprendeu desde cedo que a felicidade tem preço: que é preciso merecer, lutar, provar algo para conquistá-la. E, quando finalmente ela surge de forma simples, sem esforço, vem a desconfiança: “Será que é pra mim mesmo?” O medo de relaxar faz com que a pessoa viva em alerta, incapaz de se entregar por inteiro ao que é bom.

     Esse medo também pode nascer de traumas. Quem viveu instabilidade — emocional, financeira, familiar — associa o bem-estar à ameaça. O cérebro aprende a se proteger antecipando a dor. E, quando tudo está tranquilo, ele estranha. É por isso que muita gente provoca brigas, cria problemas, ou se envolve em relações confusas quando as coisas começam a ir bem: é o corpo tentando recriar o caos conhecido.

     Ser feliz exige coragem. Coragem para não controlar, para não prever o fim, para aceitar o prazer sem culpa. É um aprendizado profundo de confiança: confiar no momento, nas pessoas, em si mesmo. A felicidade, afinal, não é ausência de dor — é presença de significado.

     Romper esse padrão não acontece sozinho. É preciso se conhecer, revisitar a própria história, entender onde o medo começou. A terapia é esse espaço seguro onde você pode questionar as crenças que te aprisionam e descobrir que ser feliz não é uma ameaça — é um direito.

     Talvez você tenha passado a vida tentando “se proteger” da felicidade, e agora esteja cansado de tanto vigiar o próprio coração. Tudo bem. Você não precisa lutar sozinho contra isso.

     Permita-se começar esse processo com alguém que caminhará ao seu lado com escuta, empatia e técnica.

 

Psicólogo Diego do Nascimento Souza 

CRP: 19/003070

WhatsApp: (79) 9 9893-3474






X

Quer receber novidades?

Assine nossa newsletter!

Precisa de ajuda?