Postado por Alex Correa de Souza em 08/09/2024 21:42
O uso de benzodiazepínicos tem aumentado gradativamente ao longo das décadas, o abuso dessas substâncias tem se tornado um tema preocupante de saúde pública. Muitas vezes essa classe medicamento é prescrita de maneira inadequada, por profissionais que desconhecem os males que eles podem causar, desde dependência física ou dependência psíquica, ocasionando sofrimento biopsicossocial e alterações significativa no comportamento. Estudos demonstram que as mulheres abusam mais desses medicamentos.
Os benzodiazepínicos foram introduzidos no mercado como uma alternativa de substituição de medicações tóxicas, como os barbitúricos, que provocam sérios efeitos colaterais. Porém o consumo e abuso dos benzodiazepínicos são cada vez mais crescentes, por uso inadequado e indiscriminado.
Cuidar da saúde de alguém é mais que construir um objeto e intervir sobre ele. Para cuidar há que se considerar e construir projetos; há que se sustentar, ao longo do tempo; uma relação entre a matéria e o espirito, o corpo e a mente. (AYRES, 2001 apud CARVALHO; DIMENSTEIN, 2004)
Um estudo realizado em um posto de saúde pública, onde foram pesquisadas mulheres que consomem medicação ansiolítica demonstrou que os serviços de saúde não levam em consideração a subjetividade dos pacientes e a diversidade das mesmas. Não levando a subjetividade e nem a diversidade das mulheres, ainda se perdeu a visão holística do ser humano, tendo em foco somente um grupo de sintomas ou mais especificamente, a doença.
O uso indiscriminado dos benzodiazepínicos também demonstra que a indústria farmacêutica está visando algo mecanicista, viando lucros com a venda de medicamentos, e esquecendo por veze que estão lidando com vidas humanas, com a saúde das pessoas, o que é algo muito sério. Pois a dependência de medicamentos pode acarretar sérios danos a saúde, prejuízos na vida social e também em outros aspectos.
A indústria farmacêutica por vezes age vendendo formulas da felicidade, vendendo a esperança de uma noite de sono tranquila por exemplo, mas ela mesma ignora o mal que isso pode causar a curto e longo prazo. A classe médica também age de forma omissa, pois receita esses medicamentos para problemas relativamente simples, que podem ser resolvidos com psicoterapia. O problema da medicalização da vida é grave, merece toda atenção, porque é cada vez mais frequente, comum na sociedade.
Medicar o sofrimento e a dor do dia-a-dia, impregnados de problemas sociais, com tranquilizantes é uma saída encontrada por um grande contingente de médicos, que se mostram passivos e coniventes com um adoecimento individual e coletivo. (OLIVEIRA, 2000 apud CARVALHO; DIMENSTEIN, 2004)
Mudanças no modelo de terapia são importantes. É importante recuperar a visão holística humana, valorizando a subjetividade de cada um, prescrevendo medicamentos só quando não há outra alternativa, e não receitando medicamentos para satisfazer os interesses capitais da indústria farmacêutica. É preciso introduzir nos cursos de saúde maiores informações sobre esse grave problema de saúde pública, ainda prestar capacitação continuada para esses profissionais, ainda oferecer assistência para as pessoas que estão dependentes desses medicamentos e sozinhas não conseguem parar de tomar. A criação e desenvolvimento de políticas públicas eficazes para diminuir esse cenário são importantes, mas enquanto a indústrias farmacêutica lidar com seres humanos como se fossem dinheiro caindo em contas bancárias, isso se torna difícil. A consicência que esses medicamentos são perigos é fundamental.