Postado por Karim Cristina Silvestro em 13/05/2025 09:09
O sono, muitas vezes subestimado na rotina moderna, desempenha um papel central na manutenção da saúde mental e no equilíbrio emocional. Em um mundo marcado por agendas intensas, excesso de estímulos e crescente prevalência de transtornos psíquicos, compreender a íntima relação entre sono e saúde mental tornou-se essencial não apenas para profissionais da área da saúde, mas para qualquer pessoa em busca de bem-estar. Dormir não é apenas um ato de repouso físico — é, sobretudo, um processo biológico complexo que afeta profundamente a regulação emocional, a memória, a atenção e a resiliência psicológica.
Pesquisas demonstram que distúrbios do sono, como insônia e apneia, estão fortemente associados ao desenvolvimento e agravamento de condições como depressão, ansiedade e transtorno bipolar. A falta crônica de sono provoca alterações significativas no funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, responsável pela resposta ao estresse, além de comprometer o equilíbrio de neurotransmissores fundamentais, como a serotonina e a dopamina. O resultado é um cérebro mais vulnerável ao sofrimento psíquico, com menor capacidade de processar emoções, resolver problemas e se recuperar de experiências traumáticas.
Por outro lado, noites de sono reparador atuam como um mecanismo natural de restauração emocional. Durante as fases mais profundas do sono, especialmente o sono REM, ocorre uma espécie de “limpeza emocional”, na qual o cérebro reorganiza memórias, processa experiências do dia e promove a consolidação de aprendizagens. É também nesse momento que muitas emoções negativas tendem a ser suavizadas, contribuindo para a estabilidade do humor e a clareza mental no dia seguinte.
Investir em bons hábitos de sono, portanto, não é apenas uma medida preventiva, mas um ato de cuidado com a saúde psíquica. Estratégias como manter horários regulares para dormir e acordar, reduzir o uso de telas antes de dormir e criar um ambiente propício ao descanso são aliadas poderosas na promoção da saúde mental. Quando negligenciado, o sono se transforma em um fator de risco silencioso, capaz de desencadear uma cadeia de desequilíbrios que fragilizam o indivíduo em múltiplas dimensões.
Em suma, o sono não é um luxo, mas uma necessidade fisiológica vital e um pilar da saúde mental. O cuidado com o sono deve ser encarado com a mesma seriedade que se dá à alimentação e ao exercício físico. Afinal, como afirma Walker (2017), “o sono é o maior esforço de saúde pública não reconhecido da atualidade” — uma ponte essencial entre o bem-estar emocional e a clareza cognitiva que sustenta a vida cotidiana.
Referência:
Walker, M. (2017). Why We Sleep: Unlocking the Power of Sleep and Dreams. Scribner.