Postado por Custodio Cruz de Oliveira e Silva em 25/02/2022 17:08
Na evolução de nossa vida aprendemos a sermos cada vez mais humanos e menos naturais. Somos uma invenção de nós mesmos. Nossa sociedade com seus valores e regras são resultados dessa nossa própria criatividade. Somos então seres gregários, éticos, determinados pelos nossos ideais, desejos, defeitos, motivos e condições de existência. Aprendemos a ser uma pessoa ou sujeito, e não apenas um indivíduo. Nossa vida é uma sequencia de aprendizagens muito extensa e estarmos disponíveis para aprender o que necessitamos, e o que desejamos, é uma fonte rica de sabedoria.
Somos ao mesmo tempo: INDIVÍDUO (cada um de nós se comporta como sendo uma parte de um grande conjunto); PESSOA (desenvolvemos uma personalidade que relaciona nossos sentimentos com os de outras pessoas); SUJEITO (somos autores de nossos pensamentos e ações mas também somos assujeitados ao que se impõe sobre cada um de nós).
O relacionamento interpessoal exige habilidades sofisticadas para que cada sujeito consiga ser ao máximo idêntico a si-mesmo, puro, autêntico, espontâneo, sem se tornar vulnerável às críticas e ameaças que frequentemente aparecem nas situações sociais.
O desenvolvimento psicológico da pessoa e seu modo de conviver coletivamente dependem dessa organização própria de suas experiências, percepções e conhecimentos que aconteceram durante sua socialização.
Compreender as sutilezas da vida social não é nada fácil e o sujeito vai precisar aprender desde cedo a ser astuto para poder ter clara consciência das situações ameaçadoras que o rodeiam. Não se trata de ‘ter maldade’, porque a pessoa não precisa aprender a ser mau, mas é conveniente que ela aprenda a reconhecer a maldade no outro e possa se auto-proteger. Astúcia é a palavra mais adequada porque também significa atenção, antecipação, reação de acordo com a situação e com quem se está lidando. É aquele estado de ‘ficar antenado’.
Sendo astuto o sujeito pode escolher o momento e o modo certo para experimentar sua pureza inocente e assim reduzir ao mínimo algum tipo de ingenuidade que possa deixá-lo exageradamente vulnerável às provocações, maldades e armações que são comuns nos ambientes familiares, de trabalho, de amigos, de vizinhança, etc. É uma habilidade social que precisa e pode ser aprendida.