Postado por Rosane Rodrigues Marques em 08/05/2020 11:30
O domínio da abordagem escolhida pelo profissional é primordial para o bom andamento dos trabalhos de autoconhecimento. Para quem exerce o ofício de psicólogo são nítidos tanto a complexidade da teoria, quanto a dimensão de trabalho e ainda o esforço que está presente no processo estabelecido para aquele que busca ajuda profissional.
Digo processo, porque não se trata de nada “mágico” e sim de uma trajetória a ser desenvolvida e percorrida entre duas ou mais pessoas (psicólogo e paciente (s)).
Como diz o psicólogo Rodrigo Ventura: “O importante a ressaltar é a imagem do escultor se esforçando e trabalhando duro na forma que pretende dar à sua obra”. É possível afirmar que o paciente é um escultor de si mesmo trabalhando para dar forma a sua obra mais importante: sua própria vida.
Considerando o funcionamento e as responsabilidades da atuação do serviço de psicologia da Central Psicologia, ressaltamos que:
Existem diversos tipos de abordagens psicoterapêuticas que se diferenciam basicamente por dois pilares:
1. PSICANÁLISE: criada por Sigmund Freud, médico, no final do século 19. Centrou seus trabalhos nos pacientes com sintomas neuróticos e/ou histéricos. Afirmou que nada ocorre ao acaso e muito menos os processos mentais. A originalidade do conceito de inconsciente introduzido por Freud se deu devido ao método de associações livres de ideias do sujeito, podendo ser feita interpretações pelo psicanalista. Trata-se de investigação do inconsciente através das palavras, ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios). Trouxe a noção de libido e energia agressiva, dentre outros.
2. PSICOLOGIA ANALÍTICA: surgiu entre sec. 19 e sec. 20 com o psiquiatra suíço Carl Jung. É um processo centrado na individuação. Um processo psicológico de ajustamento dos opostos, englobando o consciente com o inconsciente e mantendo a autonomia relativa. Trata de conceitos como: inconsciente individual e inconsciente coletivo, persona, sombra, arquétipos, dentre outros.
3. COGNITIVO COMPORTAMENTAL (TCC) : Surgiu no início dos anos 60 e é considerada como a segunda força da psicologia. Através do psiquiatra Arron T. Beck, a partir de pesquisas com pacientes deprimidos. Afirma que todo comportamento é resultado de condicionamento e que o ambiente molda o comportamento reforçando hábitos específicos. É geralmente de curto prazo e focada em lidar com um problema específico. Durante o curso do tratamento, aprende-se a identificar e alterar padrões de pensamento destrutivo que têm uma influência negativa sobre o comportamento.
4. TERAPIA DO ESQUEMA: é um modelo de Psicologia Cognitiva desenvolvido por Jeffrey Young em 1990. É uma proposta inovadora e integradora focada no tratamento de diversos transtornos de personalidade. Tem por objetivo mudar a forma de encarar, interpretar e reagir aos estímulos, que ele chama de esquema (ou seja, um padrão organizado de pensamento e comportamento).
5. A PSICOLOGIA HUMANISTA: Tendência teórica voltada à filosofia. Rejeita a ideia de que todo ser humano tem uma neurose básica e considera que toda pessoa tem capacidade de crescimento e desenvolvimento normais. O papel do terapeuta neste enfoque, não é direcionar, mas criar um ambiente acolhedor e empático em que o ser humano possa se desenvolver na direção em que ele escolher e para que ele possa ser realmente quem é. É considerada a 3ª força da Psicologia.
6. FENOMENOLOGIA EXISTENCIAL: surgiu em meados do sec. 19 com E. Husserl, M. Heidegger, J. Paul Sartre e outros. Parte da premissa de que o homem se constitui como ser-no-mundo. O homem é sempre, desde o início, a relação com o mundo. O objetivo da fenomenologia é conhecer os fenômenos tal como eles se apresentam na consciência humana. Desta forma, a proposta é a de suspender, à princípio as generalizações científicas ou filosóficas: o início da investigação deve ser o próprio fenômeno.
7. GESTALT TERAPIA: criada pelo médico Fritz Perls, nos anos 50. Tem seu berço na Europa. A Gestalt é a tendência teórica mais ligada à filosofia. Segundo a Psicóloga Luciana Salvador, essa abordagem ensina aos pacientes o método fenomenológico de awareness (sensação, percepção) no qual perceber, sentir e atuar são preferíveis a interpretar e focar-se em modificar atitudes preexistentes.
8. ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA: criada pelo psicólogo e psicopedagogo norte-americano Carl Rogers, a partir da década de 1940. Defende a questão de que o núcleo básico da personalidade humana era tendente à saúde, ao bem-estar, o que ele denominou de Tendência Atualizante. Situa-se na corrente humanista da psicologia. Para essa teoria as condições de mudança de personalidade são vistas de forma ampla e vão além da relação terapeuta- cliente, aplicando-se também as relações familiares, grupos de encontro e qualquer situação onde o objetivo seja o desenvolvimento das potencialidades.
9. PSICODRAMA: criado pelo psiquiatra romeno Levy Moreno, no início do século 20. Nasceu do Teatro de Improviso. Definido como uma ciência que busca a verdade por meio da dramatização. Utiliza-se da ação como uma forma de investigar a psique humana e seus vínculos emocionais, visando ao desenvolvimento da espontaneidade do indivíduo. Entende-se que é um processo que pode auxiliar no resgate às diversas possibilidades de criatividade e ação do sujeito.
10. PSICOLOGIA TRANSPESSOAL: Surgiu em 1967 com Abraham Maslow como a 4ª força da Psicologia. Abarca conteúdos de muitas escolas psicológicas: C. Jung, A. Maslow, V. Frankl, Ken Wilber e Stanislav Gof. Congrega vários recursos como a hipnose, meditação, relaxamento dentre outros. Tem construído um diálogo com a Física Quântica.
Tem em comum o objetivo de ajudar o paciente com seus sintomas e dores emocionais. Em geral, os sintomas são diagnosticados por um psiquiatra. Como é o caso de pessoas com depressão, transtorno de pânico, transtorno bipolar, insônia, transtornos alimentares, etc. A partir daí, busca-se ajuda psicológica. Também podem procurar ajuda por desejarem uma melhor compreensão de si próprios e melhorar sua qualidade de vida.
Fato é que TODAS as PSICOTERAPIAS se prestam a cuidar de todos os sintomas e sofrimentos emocionais, mas o fazem de maneiras distintas.
Contudo, a eficácia da terapia não depende apenas da abordagem do profissional e sim de vários fatores, como: capacitação do psicoterapeuta, domínio da técnica empregada, confiança do paciente no profissional, interesse e empenho pelo processo, dentre outros.
Artigo escrito pela Psicóloga Rosane Rodrigues Marques. Clique aqui para acessar seu perfil.
Referências bibliográficas:
