Postado por Eduarda Priscila Campos Horst em 19/04/2021 14:07
Como disse Guimarães Rosa: “Viver é um rasgar-se e remendar-se.”
Viver é um rasgar de corações, emoções, sentimentos e corpo.
Viver é colcha de retalhos, é mosaico, é arte feita com os pedaços que a vida faz da gente, e que a gente deixa, porque deseja viver e pagar o preço, que é sempre pago, e nem sempre baixo.
Viver é apostar e por vezes perder as apostas. É sentir a decepção arder, principalmente quando se perde algo que tanto se investiu, seja investimento de tempo, dinheiro, energia ou amor.
Viver é remendar-se. É perceber que, ainda que por muito se acredite que não daremos conta de respirar, aguentar ou seguir em frente, a gente prova pra gente que é capaz de fazer um remendo no coração e seguir um passo mais a frente, adiante, apesar de.
Costumo dizer que viver é um eterno apesar de. Não digo que a vida é triste ou pesarosa (não nego que as vezes é mesmo e que ficar triste faz parte). Só digo que vida que é vida arde, seja de dor, seja de amor, seja do que for, seja como quiser que seja, desde que seja.
Viver é, por vezes, ver-se como ponto final, e por fim perceber que não foi ponto que finda, mas ponto e vírgula, que pontua mas continua.
É perceber que o que de fato conta, não é o que a vida fez com a gente, com o nosso coração, com as nossas memórias e com o nosso ser, mas sim o que fazemos com o que nos foi feito.
É saber que ninguém sai ileso da vida, uma vez que, ao passo que levamos pessoas, pedaços e lembranças, também deixamos partes de nós, memórias e saudades. Viver é um rasgar-se, remendar-se e por vezes (na maioria delas) reinventar-se. Não existe uma fórmula para uma vida isenta de furos, rasgos ou percalços, pois o caminho (a vida) se faz caminhando (vivendo), e que os erros, furos e marcas fazem parte do que somos e do que vamos nos tornar. É muito mais sobre o que fazemos com o que nos foi feito do que sobre evitar o quer que seja, pois a vida é, independente de.
Por isso, ouso dizer que vivemos apesar dos rasgos, e por causa deles.
- O que você tem feito com seus “rasgos”? O que tem feito com o que fizeram de você?
Eduarda Horst
Psicóloga CRP 18/05956
@psieduardahorst