Erro

Viva a vida é uma festa, a arte e a cultura latino americana.

Postado por Bruna de Oliveira Novais em 04/11/2025 18:18


O Dia de Finados, em grande parte da cultura ocidental, é marcado pela melancolia. No entanto, a cultura latino-americana, em suas diversas manifestações, oferece uma perspectiva diferente: a celebração como forma de resistência. O filme "Viva: A Vida é uma Festa" (Coco), da Pixar, captura essa essência de maneira brilhante.

O ponto de partida onde o luto encontra a luta pelo o que é importante. A identidade de uma família, de um povo, se constrói não apenas sobre os vivos, mas sobre a forma como cuida de seus mortos. Manter o afeto e o pertencimento exige esforço ativo e memória. Como vemos em "Coco", lembrar de quem amamos não é um ato passivo de nostalgia; é uma ação vital, uma ponte que mantém os que se foram "vivos dentro de nós". A psicologia e a arte se encontram. O sofrimento da perda é inevitável, e a forma como o processamos é mediada pela cultura. A Michèle Petit fala sobre o papel da arte no nosso sofrimento, argumenta que a literatura e as narrativas nos oferecem um "espaço" interno para hospedar nossas dores, para dar forma ao indizível. A arte nos ajuda a suportar o caos da ausência.

Complementarmente, Paulo Freire nos ensinou sobre a "leitura de mundo" e o poder da palavra como ferramenta de libertação. Se o sofrimento pode nos silenciar e oprimir, a expressão artística, é a retomada da nossa voz. É a nossa forma de dizer "eu existo, minha dor é real, e minha memória importa".

O luto é uma fratura na alma. Ao transformá-lo em poema, em canção, em história, não estamos negando a dor, estamos garantindo "uma maneira de não esquecer o que você atravessou". A arte se torna o alicerce sobre o qual podemos nos reerguer. Ela transfigura o peso do luto em uma âncora de identidade. 

Portanto, o Dia de Finados, visto por essa lente latino-americana, psicológica e poética, é sobre o poder transformador da memória. É o reconhecimento de que, ao criar, recontar e celebrar, exercemos a forma mais pura de afeto: a luta diária para que ninguém seja esquecido. Estrategia brilhantemente apresentada pelo Filme “ Viva: a vida é uma festa.”

 






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