Postado por Guilherme Rovai de Souza em 02/08/2024 14:12
Falta 1 mês para Setembro, e com ele vem o Amarelo, e no dia 10, é o "Dia do Setembro Amarelo: Mês de Prevenção ao suicídio".
É aquele mês onde se aborda com mais ênfase e de uma forma mais profunda esse assunto ainda cheio de tabus, tão delicado e extremamente necessário falar sobre.
Nos deparamos com dados, estatísticas, números alarmantes e impactantes - só no Brasil, por exemplo, por ano 14 mil pessoas tiram a própria vida, por acharem que dando um fim a ela, conseguirá sanar todos os problemas que nos rodeiam todo santo dia. Mais alarmante ainda é que todos os anos, em média 700 mil pessoas (segundo site da OMS esse número é maior, podendo chegar a 1 milhão de pessoas) buscam e concretizam o ato. O desespero é a ponto de se buscar uma "saída pela porta dos fundos", sem muito alarde, se escondendo atrás daquele sorriso. Mas os números "são apenas" quantitativos, visto que falamos aqui de vidas, de pessoas - Imagina 14 mil vidas ao ano: aquele seu conhecido, colega, amigo, vizinho, familiar, entrar para essa estatística, qual seria o impacto em você? Já parou para pensar? Estima-se que um suicídio afete indiretamente em torno de 135 pessoas, e diretamente 60!!
"Ah, sabe o fulano que estava com a gente ontem, conversando la no Happy Hour? Então, tirou a própria vida essa madrugada" (Normalmente as pessoas costumam não pronunciar a palavra suicídio, do mesmo modo que inúmeras pessoas não pronunciam "câncer" e falam "Ah, o fulano está com aquela doença ruim").
Aí é onde começa: "Nossa, mas ele estava tão bem, rindo com a gente, conversando", "Como assim, ele até fez planos para o fim de semana".
COMO ASSIM ELE FEZ ISSO?
Pois é, não existe uma bola de cristal.
E nos perguntamos: Como podemos ajudar?
Vamos lá: Primeiramente excluindo do pensamento frases com julgamentos do tipo "Ah, isso é falta de Deus", "Se estivesse indo à igreja não faria isso", "Ah, se estivesse trabalhando não teria tempo para pensar nessas coisas". Essa é a realidade nua e crua, escancarada a partir do momento em que se recebe uma notícia assim. Quando a situação é de uma pessoa que tentou contra a própria vida, então, "Ah, quer chamar atenção né, se quisesse faria sem falar nada!" - Essa é a frase que mais se ouve, inclusive por profissionais dentro da área da Saúde Mental.
Existe UMA solução? Não.
Existem caminhos a serem trilhados para se chegar a uma solução -→ Terapia é caro? É. Consulta com Psiquiatra é caro? É.
Mas o SUS está aí, e oferece também esses dois serviços citados. Em 10 anos que atuo no SUS, conversei com inúmeras pessoas que não sabiam da existência de atendimentos psicológicos e psiquiátricos pelo SUS, não sabiam da existência do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial).
Claro, há uma história sobre o porquê do "Setembro Amarelo", mas por que só em Setembro que devemos nos preocupar e falar abertamente sobre o suicídio, visto a sua multifatoriedade?
Um transtorno mental não sairá em um exame de sangue, raio-x ou em uma Tomografia, isso é o que provavelmente mais dificulta a aceitação, pois "temos que ver parar crer".
Busque ajuda especializada.
Espero chegar no momento em que ir ao Psicólogo, fazer terapia e ao Psiquiatra seja tão simples de falar quanto ir ao Cardiologista ou Nutricionista, por exemplo.
Guilherme Rovai de Souza
CRP 06/95740