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Uma breve reflexão; Videogame e Autoconhecimento

Postado por Caio Augusto Melville de Souza Zanis em 07/07/2021 21:01


Uma breve refexão; Videogame e Autoconhecimento

Seja bem-vindo a esse artigo! Sou Caio Zanis, psicólogo clínico online, treinador Pokémon, Herói de Hyrule e mestre da keyblade (sim, acabei de citar aqui minhas três séries de jogos favoritas, quem pegou a referência, pegou rsrsrs). Nesse artigo irei fazer uma reflexão a partir de dois pontos, que parecem serem bem distantes, mas que um conversa e muito com o outro, um enriquece o outro por assim dizer. Como o videogame pode estar conectado com o tema “autoconhecimento”? Irei trazer como uma curiosa reflexão que conversa nesses pontos, trazendo uma visão maior sobre o videogame e que assim irei poder falar bem mais sobre como podemos trabalhar o nosso próprio autoconhecimento a partir de jogos eletrônicos, ou resumindo melhor, os jogos.

Para entrar melhor, irei trazer o que seria uma compreensão rápida sobre os jogos eletrônicos. Bom, jogos eletrônicos, videogames ou jogos são formas de arte (como o cinema ou a música) que proporcionam ao jogador experienciar uma história imersiva ou colocá-lo num mundo totalmente diferente do nosso. Permite a pessoa se colocar no corpo de outra pessoa ou ser, tanto que o termo “avatar” pode se tornar presente dentro dos jogos, viver uma história ou criar a sua própria história a partir do zero. Exemplo desses dois pontos, é a franquia de Jogos “The legend of Zelda” onde somos o herói chamado “Link” e temos de salvar o reino fictício, fantasioso, de Hyrule. Nesse caso, somos colocados dentro do jogo e vivenciamos na pele do personagem principal a sua missão e desenvolvimento como herói. Outro exemplo, onde nós mesmo criamos nossa própria história é Minecraft, um jogo em mundo aberto sem história premeditada e assim podemos então criar nossa própria história, vivendo em mundo totalmente diferente do nosso podendo explora-lo ao máximo. Os jogos eletrônicos também nos proporcionam a viver em outra realidade com várias outras pessoas reais ao redor do mundo, podendo serem jogos em que vivemos em um mundo onde enfrentamos monstros fantasiosos ou até mesmo competindo uns entre os outros. De fato, esses jogos nos permitem viver incontáveis experiencias, nos aproximam de várias pessoas, transportamos brincadeiras de infância com uma roupagem nova para o meio digital e também nos faz vivenciar na pele de um personagem algo que não conseguiríamos no mundo real. O videogame é uma forma de arte, imersiva, que nos permite não só ver o protagonista da história, mas ser o próprio protagonista.

Indo para o outro elemento desse tema, temos o autoconhecimento, mas o que seria o autoconhecimento? Tenho um outro artigo escrito que falo exclusivamente sobre autoconhecimento e, se quiser, deixarei o link no fim desse artigo para ler mais a respeito. Mas, trazendo para cá, o autoconhecimento pode ser compreendido como uma forma de noção sobre si, pode ser compreendido também como o processo que temos ao decorrer da vida para que nos conhecermos mais afundo, entender quem nós somos, o que nos machuca, o que nos anseia, o que nos desperta, o que nos motiva, o que nos movimenta e entre demais coisas. O autoconhecimento é algo tão importante para nós nos percebermos em muitas coisas e, trazendo para o campo dos exemplos, imagine que você passe por algum momento que pode inicialmente parecer irrelevante, mas acabe te deixando incomodado. Também, como exemplo, imagine que tem raiva de certa pessoa, mas não sabe o motivo ou também existe algo em outra pessoa que te cativa, mas não sabe o que é. É o processo de descoberta, como no caso de estar em um emprego na qual sonhava, mas percebe que nada daquilo te motiva, mesmo estando no emprego dos sonhos. Ou, como último exemplo desse parágrafo, imagine que alguém falou algo para você e que você ficou incomodado com isso, mesmo você pensando que pode não parecer nada. Nos conhecermos é um processo importante para nosso próprio amadurecimento emocional e cognitivo, é a experiência que precisamos para “evoluir”.

Falado esses dois pontos, agora podemos embarcar na aventura de compreender como o videogame e o autoconhecimento andam de mãos dadas. Vamos partir do ponto que o videogame te transporta para um mundo totalmente diferente ou até mesmo semelhante ao nosso, que nos coloca em avatares, acabamos respondendo por esses avatares as escolhas e decisões que esse jogo te implica. Uma das técnicas que o processo de autoconhecimento acaba tendo é te fazer ver pelo ponto de vista do outro, a terapia (que também é um processo de autoconhecimento) te implica a colocar numa perspectiva de fora da caixa, te faz olhar pelo ponto de vista do outro. Seguindo essa breve fala sobre o processo de autoconhecimento, o videogame e o autoconhecimento têm pontos em comum mesmo sendo paralelos. Te colocar na pele de outra pessoa, de outro ser, te alocar num mundo com cultura e regras diferentes, te colocar em adversidades ou missões que servem para evoluir a trama e o seu desenvolvimento como aquele avatar e, partindo desse ponto, vivenciar isso tudo é uma maneira de te fazer pensar e refletir sobre sua jornada e sobre quem você é ou deixa de ser.

Ao te colocar na pele de outra pessoa, numa aventura onde suas escolhas (suas próprias e não as pré-determinadas para aquele avatar) tem uma enorme influência do decorrer da história é uma atividade e tanto que pode mexer após algumas horas de jogatinas. Vamos imaginar, você dentro do jogo precisa decidir algo que pode mudar todo o rumo da trama, pode ser algo como escolher salvar o seu amigo ou salvar uma civilização, ou até mesmo uma escolha errada que acabará implicando na morte do amigo do avatar, mesmo sendo um jogo e que as consequências dessas escolhas do jogo não serem reais, te levam a ficar pensativo, mas porquê? Te faz refletir sobre a possibilidade de suas escolhas, ou, te faz refletir sobre o ponto de como é perder alguém. É algo que o jogo, que o videogame te proporcionou sem ao menos te trazer algum perigo real. Por um instante, dentro do jogo, você é proposto a vivenciar algo tão real, mas ao mesmo tempo, simulado. Te toca, te cativa, te entristece, mas que te faz crescer ao colocar nesse exercício de reflexão.

Indo mais afundo, vamos pegar um jogo hipotético que te transporta para uma outra cultura e que por lá tem o objetivo de te fazer ver pelo ponto de vista dessa outra cultura, uma cultura marginalizada e oprimida, é algo que não é fácil de imaginar, mas se te colocar diretamente nesse momento é uma maneira forte de te fazer olhar pelo ponto de vista do outro. O videogame tem a possibilidade de debater com o seu jogador os mais diversos temas, as mais diversas filosofias, os mais diversos problemas e pautas e isso é importante na construção de um ser nos dias de hoje. Te faz ter empatia, te faz exercitar lados seus que, mesmo ocultos, conseguem te abalar, faz você olhar pelo ponto de vista não só do “bonzinho”, mas também do vilão da história. O videogame te coloca numa odisseia, numa busca, em vivenciar as emoções que muitas vezes não nos permitimos sentir (como sentimentos da perda ou da raiva, por exemplo).

Muitas pessoas tem o preconceito de que o videogame só faz mal e/ou que é coisa de criança, muitas dessas pessoas seriam beneficiadas se encarassem essa mídia de forma mais clara e sem medo. É fato que se em demasia, em excesso, pode fazer mal, mas isso não é exclusivo só do videogame, mas parece muito fácil atacar assim, certo? Nesse artigo trago uma breve reflexão quando falado sobre autoconhecimento, mas o videogame pode ajudar e muito como exercício das funções cognitivas, motoras e das relações sociais por exemplo. Se você nunca jogou algo, te convido a jogar, experimentar, explorar diversos mundos e conhecer mais o que esse meio de mídia pode oferecer. Seja um cavaleiro, um caçador de tesouros ou até mesmo um encanador bigodudo resgatando sua princesa, se aventure e mais do que isso, se divirta e se conheça!

 

 

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