Erro

Transexualidade e o Papel do Psicólogo: acolhimento, saúde e direitos

Postado por Rosangela Cavalcante em 11/09/2025 09:05


A transexualidade diz respeito à experiência de pessoas cuja identidade de gênero não corresponde ao sexo designado ao nascimento. Em outras palavras, trata-se da vivência de uma identidade legítima e consistente, que pode ou não estar associada ao desejo de modificar características corporais. É importante destacar que identidade de gênero é diferente de orientação sexual: enquanto a primeira se refere a como a pessoa se percebe, a segunda está ligada à atração afetiva e sexual.

Durante muito tempo, a transexualidade foi tratada como doença. Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da CID-11, não a classifica como transtorno mental, mas como “incongruência de gênero”, entendida em um contexto de saúde sexual e de bem-estar.

 

Contexto histórico e social

Historicamente, pessoas trans foram alvo de preconceito, marginalização e patologização. Até poucas décadas atrás, eram vistas como “desvios” a serem corrigidos. Com os avanços da ciência e das políticas públicas, houve uma mudança significativa: a identidade trans passou a ser reconhecida como parte da diversidade humana.

No Brasil, conquistas importantes marcam essa trajetória, como o direito ao uso do nome social, a possibilidade de retificação de nome e gênero em cartório sem a necessidade de judicialização, e o acesso à hormonioterapia e cirurgias pelo SUS, dentro de protocolos específicos.

 

Vivência da transexualidade

Apesar dos avanços, a população trans ainda enfrenta enormes desafios. A transfobia se manifesta no cotidiano, afetando o acesso à educação, ao mercado de trabalho e à saúde. Esses fatores aumentam a vulnerabilidade social e impactam diretamente a saúde mental, gerando maior risco de depressão, ansiedade e ideação suicida.

Por outro lado, estudos mostram que quando há rede de apoio familiar e social, o bem-estar aumenta significativamente. O reconhecimento da identidade de gênero é um fator protetivo fundamental.

 

O papel do psicólogo

Nesse cenário, o psicólogo tem um papel central e múltiplo:

  • Acolhimento e escuta qualificada: oferecer um espaço seguro onde a pessoa possa falar sobre sua identidade sem julgamento, elaborando sofrimentos e fortalecendo recursos internos.

  • Apoio no processo de afirmação de gênero: auxiliar no enfrentamento de questões relacionadas à autoestima, aceitação do corpo, ansiedade e estigma social.

  • Atendimento a familiares: promover diálogo, compreensão e apoio dentro das relações familiares.

  • Produção de documentos: quando necessário, elaborar laudos psicológicos que atestem a consistência da identidade de gênero e a autonomia da pessoa para processos de redesignação.

  • Atuação ética: conforme a Resolução CFP nº 01/2018, o psicólogo deve respeitar a identidade de gênero e não pode propor práticas de “reversão” ou “cura”, que são proibidas.

O trabalho psicológico, portanto, não é sobre “corrigir” a transexualidade, mas sobre acolher e apoiar a pessoa na sua caminhada de forma saudável e digna.

 

Saúde integral e direitos

O acesso à saúde integral envolve mais do que procedimentos médicos. Inclui acompanhamento psicológico, social e educacional. No Brasil, o SUS oferece hormonioterapia e cirurgias de redesignação em centros de referência, seguindo protocolos do Conselho Federal de Medicina.

Nesses processos, o laudo psicológico pode ser solicitado como parte da avaliação multiprofissional. Mas o cuidado vai além da burocracia: acompanhar a pessoa em suas escolhas e necessidades de forma contínua é fundamental para promover qualidade de vida.

 

Desafios atuais

Ainda que avanços sejam notáveis, a realidade brasileira mostra lacunas. Fora dos grandes centros, muitas pessoas trans não têm acesso a serviços especializados. A transfobia estrutural ainda gera exclusão e violência.

Um dos grandes desafios é a formação de profissionais de saúde, educação e justiça, que muitas vezes não recebem preparo adequado para lidar com a diversidade de gênero. Isso reforça a necessidade de políticas públicas de capacitação e sensibilização.

 

Conclusão

A transexualidade não é doença, mas uma expressão legítima da diversidade humana. O papel do psicólogo é acolher, legitimar e fortalecer a pessoa em seu processo de afirmação de gênero, sempre com ética, respeito e compromisso com os direitos humanos.

Combater o preconceito, ampliar o acesso a serviços de saúde e promover inclusão social são tarefas coletivas. A Psicologia, nesse caminho, é uma aliada fundamental na construção de uma sociedade mais justa e acolhedora.

 

Referências

  • Conselho Federal de Psicologia (CFP). Resolução CFP nº 01/2018.

  • Conselho Federal de Psicologia (CFP). Resolução CFP nº 06/2019.

  • Conselho Federal de Medicina (CFM). Resolução CFM nº 2.265/2019.

  • Organização Mundial da Saúde (OMS). Classificação Internacional de Doenças – CID-11.

  • Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA). Relatórios anuais sobre violência contra pessoas trans.

 

 Se você é uma pessoa trans, tem dúvidas sobre sua identidade ou deseja um espaço de acolhimento e escuta qualificada, a terapia pode ser uma aliada importante no seu processo de autoconhecimento e bem-estar.

 Sou a Psicóloga Rosangela Cavalcante (CRP 06/219902), e ofereço atendimentos online para pessoas de todo o Brasil e também para brasileiros que vivem no exterior.

Entre em contato e venha construir um espaço seguro para falar sobre você, suas vivências e seus projetos de vida.

 

+55 11-9593-79521

psicologarosangelacavalcante@gmail.com






X

Quer receber novidades?

Assine nossa newsletter!

Precisa de ajuda?