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Totem e Tabu, O Mal Estar Da Cultura, Complexo De Édipo E Outras Correlações Psicanáliticas

Postado por Alex Correa de Souza em 16/09/2025 19:21


1 – TOTEM E TABU

Em Totem e Tabu de 1913 Freud trabalha a questão de como o homem passou a vir a ser social, como de desenvolveu no homem a cultura. Portanto Totem e Tabu diz sobre antropologia dentro da psicanálise.

Freud nessa obra já começa a discutir a hostilidade do menino com o pai e da dificuldade do menino a se separar da mãe, tema que foi mais especificamente descrito posteriormente como o complexo de Édipo.

Freud por uma demanda clínica destaca três grandes fantasias; a fantasia sedução, a fantasia de castração, a fantasia de relação sexual dos pais. Freud observa uma constante em todas as civilizações o horror ao incesto, assim havendo na história humana uma proibição de prática sexual com pessoas da mesma família, do mesmo clã.

O Tabu é a regra comum entre os povos; algo não pode ser praticado, que não é legítimo de ser realizado, especificamente relativo a prática sexual.

É interessante que Freud faz uma comparação que se aproxima de Darwin, no sentido de organização do Homem primitivo, onde os mais fortes dimanavam um grupo e o macho obtinha o poder de dominar as fêmeas. Num momento suas crias se rebelam e intitulam um líder. Surgindo então o Totem.

A cultura parte então de um assassinato do pai e organiza-se de forma que há um consenso de aplicação regra de proibição do incesto, a instituição da família, ou seja, são instituídas as regras primárias da cultura. Com a limitação impostas aos Homens pelas regras primárias, surge a angustia de castração, a passagem pelo Complexo de Édipo. O conceito de Complexo de Édipo será melhor detalhado logo abaixo.

O termo raça caiu em desuso pelo politicamente correto na atualidade, e foi substituído por etnia. Porém o termo raça além de ter se tornado um termo pejorativo também dizia sobre as diferenças entre os Homo Sapiens nas diferentes regiões do globo, diferenças como o tom de pele, particularidades do cabelo, altura, formato do nariz e etc. Já o termo etnia pode ser entendido como a referência sobre as diferenças anatômicas dos Homo Sapiens, mas também englobando as diferenças da cultura.

Freud em Totem e Tabu defende que a subjetividade não se altera de acordo com a etnia. Etnia no sentido de diferenças anatômicas entre os Homo Sapiens, anteriormente citadas. Para Freud, a Teoria do Inconsciente é singular a todos os Homo Sapiens, a todos os homens. Existindo uma única antropofagia entre todos os povos, entre as culturas, entre todos os seres humanos.

É importante ressaltar que Freud fez uma formulação e uma reformulação da Teoria do Inconsciente ao longo do tempo, chamada primeira e segunda tópica. Assim descrevendo melhor a separação e o funcionamento psíquico, levando o maior especifidade do fenômeno do Totem e do Tabu enquanto evento psíquico e por extensão cultural, como por exemplo na obra Psicopatologia da Vida Cotidiana de 1901.

2 – MAL ESTAR DA CULTURA

Freud dedica-se escrever sobre a cultura trazendo a diversidade psíquica, de modo que ela trata a religião como uma ilusão. Nota-se que ele reafirma um raciocínio da obra o Futuro de Uma ilusão. Freud considera neste ponto de sua vida, que a religião é uma ilusão, uma criação humana para demandar ao desamparo humano. Freud nos traz até noção de que a divindade seria uma criação humana para substituir a figura paterna, uma transferência de fantasia de pai à alguma ou algumas divindades capazes de atender ao desejo humano.

Freud nós introduz o tema do convívio do Homem com uma cultura, no sentido que o Homem há de conviver como um sujeito, umas um sujeito implícito a cultura. Do homem vem suas pulsões, essas pulsões são manejadas por processos consciente e inconscientes. O Homem é criador de sua cultura, mas também se torna refém dela. Há uma troca daquilo que traz segurança pelos impulsos do Id. O Homem estaria implícito à moderação e renuncia, daí surgindo o sintoma.

Do mal estar na cultura deriva o sofrimento psíquico humano, da impossibilidade de ceder as pulsões do Id de modo que seja sem resistência, por imposição de duas camadas hierárquicas, uma psíquica e outra social. Há segunda, social é originária da primeira, pois é através do outros que nos tornamos sujeitos. Por outro lado também há as impossibilidades não inerentes a cultura à satisfação, há aqui uma aproximação de Freud com Nietzsche, onde o homem estaria fadado a um problema de satisfação.

Podemos analisar a questão do mal estar na cultura como uma forma mais regionalizada, tornando possível a observação de psicopatologias separadas por espaços geográficos. O Mal estar na cultura não está apenas relacionado com sujeitos com alguma psicopatologia, nas no mal estar está implícito em todo Homem de cultura. Aqui será tratado a cultura com enfoque no Brasil.

É importante ressaltar que Freud não faz distinção entre cultura e civilização, de modo que os dois conceitos são sinônimos. Podemos observar essa afirmação no texto O Futuro de uma Ilusão de 1928.

Por um lado, inclui todo o conhecimento e capacidade que o homem adquiriu com o fim de controlar as forças da natureza e extrair a riqueza desta para a satisfação das necessidades humanas; por outro, inclui todos os regulamentos necessários para ajustar as relações dos homens uns com os outros e, especialmente a distribuição da riqueza disponível (Freud, 1928/1996h, p. 16).

Há um conflito instaurado no ser Humano enquanto ser vivente de uma cultura. Pois o sujeito e suas pulsões são confrontados com as normas já impostas na cultura, com suas representações legítimas de existência. Há o conflito do superego do sujeito ou a ausência dele em confrontar com as regras pré-estabelecidas pela cultura.

Nessa obra podem ser abordados também os temas da obra Além do Principio do Prazer (1925), de Freud. Onde o Homem em convivência com sua cultura o torna impossível de chegar ao prazer, concebe-se o máximo prazer a primeira mamada. Há pulsões de vida e pulsões de morte. Da pulsão de morte deriva a violência. Pois toda pulsão não representada segue uma via sem a barreira do superego, podendo ser sublimada ou não.

Há sempre características entre esses sujeitos. Freud faz uma análise dessas características dos sujeitos ligadas na cultura, como instância virtual das sociedades, formadas por sujeitos com realidades psíquicas distintas, tornando a possibilidade de observação social por um novo prisma. O mal estar diz de uma categoria que vai além de uma categoria social, e Freud nos diz de características filosóficas existenciais, da condição de estar no mundo.

3 – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE COMPLEXO DE ÉDIPO

O Complexo de Édipo é um Processo psíquico pelo qual todos os sujeitos estão implicados a transitar durante a infância, de modo que a relação do sujeito com as funções representativas (pai e mãe) irão definir sua estrutura psíquica; neurótica, psicótica ou perversa.

Freud se apropria do nome Édipo para denominar esse processo psíquico, nome que está relacionado a uma peça de teatro grega, conforme descrita na enciclopédia virtual Wikipédia:

Édipo Rei (OΙΔΙΠΟΥΣ ΤΥΡΑΝΝΟΣ em grego - Édipo Tirano, em transliteração) é uma peça de teatro grega, em particular uma tragédia, escrita por Sófocles por volta de 427 a.C.. Aristóteles, na sua Poética, considerou esta obra o mais perfeito exemplo de tragédia grega. (Wikipédia, 2018)

Na história do Édipo Rei, Édipo é uma criança abandonada pelos pais e encontrada por um homem, que o adota como filho. Édipo foge de uma profecia, revelada pelo oráculo, onde seu destino é matar seu pai e casar-se com sua mãe. Édipo em fuga mata um homem no caminho e encontra uma cidade assombrada por uma esfinge. A esfinge desafia Édipo e desvendar um enigma. Édipo desvenda o enigma e vence a esfinge, assim possibilitando que a paz retorne novamente na cidade. Édipo nessa história se casa com Jocasta. Mais tarde Édipo descobre que o homem que ele havia matado no caminho era seu pai e Jocasta com quem se casou era sua mãe. Jocasta se mata e Édipo perfura os olhos. Édipo era o menino abandonado para morrer, quem o abandona é o casal que conhecia e temia a profecia, mas que no final mesmo tentando evitar a profecia, a mesma se cumpre.

Quando a criança vem ao mundo ela é fala por outro. Desde o ventre da mãe essa criança é falada pelos genitores, ou seja, mesmo dentro do útero, após determinado período de gestação a criança já tem percepções sensoriais e reações no Sistema Nervoso Central.

A criança inicialmente não faz distinção entre o Eu e o Outro, e sua primeira experiência satisfatória está na primeira mamada se constitui na primeira mamada, de onde virá à busca pela satisfação durante ao longo da vida.

Voltando ao conceito de Freud, ao perceber que o amor, proteção, amparo de seus genitores não estão direcionados somente a ela. Essa poderá seguir o caminho do afastamento dos cuidadores, com a representação de pai ou mãe, não sendo necessária determinação biológica.

Diante o processo de Édipo ocorrem processos, onde podemos classificar A Neurose a Psicose e a Perversão.

Na neurose a negação do simbólico produz o retorno ao não simbólico, àquilo que eu recalquei, o conteúdo que eu não quis tomar. O Neurótico produz mecanismos de defesa, o inconsciente se forma com uma instância de Superego. Sublimando e deslocando os conteúdos em sonhos, através de chistes, lapsos atos falhos ou o próprio sintoma.

É importante ressaltar que o superego é uma instância moral, de regras, que pressiona as pulsões advindas do Id. Impondo formas legítimas de satisfação. O mediador psíquico é o Ego, que tenta atender as pulsões do Id, mas também de formas legítimas de satisfação para o superego. Essa estrutura psíquica Id, Superego e Ego tenta resolver o conflito psíquico, que é o conflito da satisfação. Obviamente nossa psique não dá conta desse trabalho psíquico sem gerar mais conflitos, restando sempre uma carga de insatisfação (enquanto há vida).

No psicótico há um retorno a fase oral, onde a construção de defesas é diferenciada. Para o psicótico não há Eu e Outro, há sempre uma troca direta e unilateral da realidade psíquica com o mundo externo, onde o inconsciente é projetado na realidade externa sem o superego ou o sujeito é invadido pelo mundo externo.

O perverso busca a satisfação em uma tentativa de negar a castração. O narcisismo em maior parte é investido no próprio sujeito, na tentativa de atender a exigência de diminuir a carga psíquica de insatisfação.

4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • FREUD. S.; Além do Princípio do Prazer. 1925-1926 vol. XVIII
  • FREUD, S.; A dissolução do complexo de édipo. 1924 vol. XIX
  • FREUD. S.; Psicopatologia da Vida Cotidiana. 1901. Vol. VI
  • FREUD. S; O Futuro de Uma Ilusão e Mal Estar na Cultura Civilização. 1927-1931 vol. XXI
  • FREUD, S. Totem e Tabu. 1913 -1914 vol. XIII
  • FREUD, S; Algumas consequencias psíquicas da distinção anatômica entre os sexos. 1925 vol. XIX
  • ROUDINESCO, E.; PLON, M.; Dicionário de psicanálise; tradução Vera Ribeiro, Lucy Magalhães; supervisão da edição brasileira Marco Antônio Coutinho Jorge. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
  • SÓFOCLES. Édipo rei. Trad. Donaldo Schüler. Lamparina, Rio de Janeiro: 2004.
  • LAURENTI, R.: As Manifestações De Sofrimento Mental Mais Frequentes Na Comunidade. SMAD, Revista Eletrônica Saúde Mental e Drogas. ed de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal, São Paulo, 2007.
  • PACHECO, C. A; O Complexo de Édipo e Sua Importância no Diagnóstico e Tratamento. UVA, Rio de Janeiro, 2009

5 – SITES CONSULTADOS

  • https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89dipo_Rei





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