Erro

Término de relacionamento

Postado por Flavia Franciny Costa Rojas em 05/12/2021 21:50


O processo de término de um namoro ou casamento pode ser uma fase muito difícil de ser vivida.

Alguns términos, quando verbalizados, parecem ser apenas a concretização de algo que já vem acontecendo há muito tempo e que os parceiros apesar de individualmente se darem conta, optam por não tocar no assunto. Assim, alguns relacionamentos não terminam de forma inesperada, mas vem de um longo processo desgastante, onde o casal percebe que há tempos não existe mais uma conexão ou os planos, gostos e valores não andam mais lado a lado. 

 

Esses términos, ainda que pareçam uma tragédia anunciada, também podem ser dolorosos, pois sinalizam exatamente a dificuldade de chegar na fatídica conversa de uma decisão que parece já estar clara para ambos. Com isso, postergar a decisão se torna uma alternativa frente ao medo de enfrentar a dor, em contrapartida a dor que não seria sentida repentinamente após o término passa a ser parcelada e arrastada pelos dias, meses ou até anos. 

 

Outra maneira, dentre várias, de ocorrer um término, é quando o relacionamento vai bem, porém um evento acaba abalando fortemente o casal. Uma traição, mudanças (estado/país), mentiras descobertas, problemas financeiros ou questões familiares podem levar as pessoas a optarem por romper uma relação, por exemplo. Apesar de no senso comum pairar a ideia de que quem terminou está bem e a pessoa que foi deixada é a que sofre, isso nem sempre é uma verdade.

 

 O término da relação pode ser sofrido para ambas as partes se ambos estiveram envolvidos e dedicados a relação no tempo em que ela durou. Um relacionamento além da união de dois corpos, é também a construção de planos, sonhos e uma vida conjunta. Dessa forma, junto com o término da relação acaba também diversos projetos e toda a atmosfera e relações (familiares e amizades) que acompanham a vida em casal. Aliás, essa atmosfera que um relacionamento traz é o que, alguns casos, acaba sustentando a relação - mais do que a vontade dos parceiros em estar juntos - quando o relacionamento já está fadado ao fim. 

 

Por isso, relacionamentos ruins, ou que não andavam muito bem no final, também podem trazer a sensação de vazio após o término.

 

Porém, pouco a pouco se faz necessário seguir em frente, ainda que a passos lentos (respeitando o tempo de cada um). Aqui, como em todo os problemas humanos por mais comuns que sejam, vale repetir o velho clichê de que NÃO EXISTEM FÓRMULAS MÁGICAS para não sofrer frente a essa situação. Entretanto, algumas estratégias podem ajudar a dar os primeiros passos em uma situação que tende a deixar muitos com a sensação de não saber para onde ir. Por isso, ao invés de lhe dar um passo-a-passo, te convido a LEMBRAR que:

 

É preciso se permitir sentir a dor da perda. 

Sem romantismo quanto ao sofrimento (principalmente o sofrer por amor). Porém se de fato há uma tristeza pela perda e se a vontade agora é chorar, pois então chore. Tenha esse momento consigo mesmo e reconheça que de fato está perdendo alguém que é /foi importante, e está tudo bem se, apesar do que tenha acontecido , estiver difícil para você se dar conta de que não vai ter mais a pessoa em sua vida. 

 

Esteja ao lado das pessoas que você ama.

Não é obrigatório contar para as pessoas o que aconteceu - se você não se sente confortável - e evite falar mal do seu(sua) ex-parceiro(a) para amigos e familiares. Porém pode ser importante para você estar com essas pessoas em meio ao término; poder compartilhar outros momentos e ver que existem outras pessoas que te amam e apoiam. Se nutrir do amor delas nesse momento pode lhe ajudar. 

 

Momento de refletir: como é para você estar solteiro(a)? 

Por “N” motivos, individuais e sociais, a ideia de estar solteiro(a), para alguns, pode implicar automaticamente a ideia de solidão e até inferioridade em certos grupos sociais. Porém nutrir essa ideia pode facilitar o envolvimento em relacionamentos ruins/abusivos. Aqui vale relembrar o clichê “antes só do que mal acompanhado”. Avalie se dentre suas crenças sobre si e os outros, estar solteiro se apresenta como algo negativo e a ser evitado, trabalhe sobre isso e pense como isso pode ter refletido na sua vida amorosa e suas escolhas. Estar solteiro é uma condição transitória, assim como estar em uma relação é, isso por si só não te define. 

 

Relembre os motivos do término.

É comum que, em alguns momentos, as lembranças boas venham como uma enxurrada e cause arrependimento e culpa quanto ao fim da relação. Porém, lembre-se sobre de outros fatores que levaram ao término e como a relação caminhou para esse fim. Reveja se de fato você gostaria de ter a relação de volta para além dos momentos bons. 

 

Busque passar tempo de qualidade consigo mesmo.

A ideia de que estar sozinho é sinônimo de solidão não é uma regra. É possível estar sozinho em um ambiente e ainda assim não vivenciar isso como solidão, mas sim apreciação da própria companhia. As vezes nos acostumamos a ter o outro sempre ali, sendo uma boa companhia ou não. Porém esquecemos de cultivar um estado de cuidado de si que é particular. Nutrir um mundo interior da forma como quisermos (interesses, hobbies, espiritualidade,) e que não dependa da presença física contínua do outro é um processo fundamental diante de um término de uma relação. 

 

Aquiete o coração.

Se dê um tempo (“mas flávia, quanto?” isso só você saberá) para digerir o fim da sua relação. Não é possível mensurar em quanto tempo alguém já está apto a iniciar uma nova relação, porém é necessário bom senso e sinceridade com o próprio processo para saber se a atitude de iniciar uma nova relação está vindo na verdade como de uma necessidade de tamponar a própria dor. 

Não atropele suas emoções; se não se sente preparado(a) para uma nova relação, espere

 

A terapia pode te ajudar nesse momento

A terapia é um processo onde está presente o exercício da autopercepção e análise. Digerir um processo de término na terapia e contar com ajuda de uma escuta qualificada será de grande auxílio não só para lidar com a dor aguda no passar dos dias, mas também para avaliar o que deve ou não ser levado para relações futuras. As relações que tivemos nos ajudam a conhecer sobre nós mesmos, e pensar sobre o impacto delas em nossas vidas podem nos ajudar a perceber que decisões podem ser tomadas dali para frente.  

 

Vale mais uma vez ressaltar que é necessário refletir sempre sobre a própria condição e vida, bem como buscar o que se encaixa à própria realidade. Com seus próprios gostos, limitações e possibilidades. Por mais difícil que as vezes seja doloroso, o término de uma relação pode ser uma oportunidade de reavaliar nossas prioridade, o rumo em que estava/está nossa vida e quais o planos podemos traçar dali em diante. E nos desafia (re)fazer a pergunta: o que resta de mim quando o outro se vai?

 

Flávia Franciny Costa Rojas 
Psicóloga - CRP 05/60279
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