Postado por Ana Cecília Boal Costa Gomes em 15/11/2023 22:39
É difícil alguém que não tenha ouvido por aí o termo narcisista. Está muito difundido na internet, e o associamos a pessoas egoístas, que só pensam em si, causando até sofrimento nos outros que a cercam. Porém, o termo narcisismo, para a psicanálise, tem um significado muito diferente. Inclusive, é um conceito muito importante dentro da teoria freudiana do psiquismo e da subjetividade humana. Ao contrário do que escutamos, o narcisismo é resultado de operações psíquicas altamente complexas e que permeiam a nossa vida do momento em que nascemos até quando morremos. Diferente de uma patologia, ele é o que nos constitui e nos faz nos entendermos como nós mesmos. Por exemplo: Meu nome é João, sou do interior de Minas Gerais e filho de José e Maria. Parece simples, porém para conseguirmos sustentar as características que dizemos nossas, precisamos inicialmente do investimento do Outro.
Normalmente associado a uma perspectiva individualista, o narcisismo para a psicanálise é resultado do investimento do Outro em nós, enquanto crianças, e da ação do nosso próprio aparelho psíquico, que trabalhará para manter alguns aspectos conscientes e outros, inconscientes. Para o psicanalista francês Jacques Lacan, o sujeito passa pelo que denomina Estádio do Espelho, que consiste na assunção do sujeito sobre sua própria imagem corporal, que envolve o simbólico na medida em que só nos reconhecemos enquanto nós a partir do Outro. Para entender melhor, pensemos na cena de uma mãe, um pai ou de quem cuida de um bebê, o levando até o espelho e dizendo: esse é você! Podemos, portanto, dizer que um sujeito que constituiu seu narcisismo é um sujeito... saudável!
Dito isto, existem algumas pessoas que estão realmente muito investidas em si e pouco abertas à alteridade. Escutar a alteridade implica numa tentativa de suspender nossas próprias questões a fim de escutar melhor o outro. Hoje, num mundo cada vez mais individualizado, com poucas ações que visam o coletivo, é compreensível a existência cada vez maior de sujeitos que não suportam o diferente. Numa análise, passearemos pelo que dizemos de nós e pelo que os Outros dizem de nós. Muitas vezes, essa fronteira é borrada e não sabemos mais o que fazer com tantos ditos. O analista, portanto, sustentará uma escuta que possibilite a elaboração das questões do sujeito, que perpassam a sua relação com os outros de sua vida e que causam sofrimento. Assim, convido quem se interessou para iniciar essa trajetória marcarcando uma sessão. Acesse minha página, ou entre em contato comigo por mensagem.
Até mais!
*Pintura: Narciso, de Caravaggio.
Ana Cecília Boal
Psicóloga Clínica/ Psicanalista
CRP: 05/53700
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