O que é Terapia do Esquema e como ela pode te ajudar?

Postado por Evelyn Karoline Dias Biancon em 05/12/2024 20:01

O que é a Terapia do Esquema e como ela pode te ajudar?

A terapia do Esquema, desenvolvida por Jeffrey Young, é um método de terapia Integrativa que combina elementos da TCC, Teoria do Apego, Psicanálise, Relações Objetais e Gestalt. Ela busca compreender e transformar padrões emocionais e comportamentais que causam sofrimento. Esses padrões, chamados de esquemas, têm origem, em sua maioria, na infância ou na adolescência, e estão ligados às nossas experiências mais precoces, especialmente na forma como nossas necessidades emocionais básicas foram atendidas – ou não – ao longo da vida.

Essas necessidades emocionais básicas incluem:

• Sentir-se amado e seguro;
• Ter autonomia, competência e liberdade para explorar o mundo;
• Receber limites realistas;
• Espontaneidade e lazer;
• Expressar emoções e necessidades sem medo de julgamento;
• Ser aceito e valorizado por quem se é.

Quando essas necessidades não são atendidas da maneira adequada, formam-se esquemas desadaptativos que influenciam a forma como nos vemos, como percebemos os outros e como nos relacionamos com o mundo. Por exemplo, uma pessoa que cresceu em um ambiente onde se sente restaurado pode desenvolver um esquema de abandono, o que pode levar a um medo constante de perder pessoas importantes. 

1.Modos de enfrentamento desadaptativos

Quando um esquema disfuncional é ativado, nosso organismo busca maneiras de lidar com a dor emocional gerada. Esses padrões de resposta, conhecidos como estilos de enfrentamento desadaptativos, são estratégias que utilizamos, de forma inconsciente, para tentar suprir nossas necessidades emocionais fundamentais quando estas foram frustradas.

Na infância, esses estilos podem ter sido funcionais e até necessários para sobreviver a situações adversárias. No entanto, na vida adulta, eles acabam por gerar sofrimento, pois são importantes para a perpetuação dos esquemas, reforçando-os, evitando-os ou hipercompensando-os. Essas estratégias podem se manifestar em diferentes níveis – cognitivo, emocional e comportamental – variando de pessoa para pessoa, influenciadas por fatores biopsicossociais.

Quais são os principais estilos de enfrentamento desadaptativos?

Evitação :

• • A pessoa busca fugir ou se desligar de situações, emoções ou pensamentos que possam ativar o esquema.
  • Exemplos: procrastinação, uso excessivo de redes sociais, dependência de substância, ou evitar relacionamentos significativos.
  • Objetivo: minimizar o impacto emocional de ativar o esquema, mas, a longo prazo, isso impede que uma pessoa enfrente e resolva a origem do problema.

Resignação :

• • Nesse estilo, a pessoa se submete ao esquema, aceitando como verdade o que ele dita, agiu de forma passiva em relação a ele.
  • Exemplos: tolerar relações abusivas, sentir-se incapaz de mudar ou acreditar que "sempre será assim".
  • Objetivo: evitar conflitos ou emoções mais intensas, mas perpetuar o sofrimento ao não confrontar o esquema.

Hipercompensação :

• • A pessoa tenta agir de forma completamente oposta ao que o esquema sugere, como uma maneira de "provar" que ela não tem poder.
  • Exemplos: comportar-se de forma autoritária para mascarar sentimentos de inadequação, ou buscar perfeição extrema para fugir do medo de fracasso.
  • Objetivo: superar o esquema por meio de controle excessivo, mas muitas vezes isso leva a comportamentos exaustivos e a novos padrões disfuncionais.

2.Modos Criança :

Os modos da criança refletem as partes mais emocionais e sensíveis de quem somos. Eles são influenciados pelas experiências de infância, especialmente pela forma como nossas necessidades emocionais foram atendidas ou frustradas e nos acompanham ao longo da vida:

• Criança Vulnerável :
  É a parte que carrega dor, medo, tristeza ou sentimentos de coleta, abandono e invalidação. Surge quando um indivíduo se sente desamparado ou sozinho. Este é um dos modos mais comuns em situações de sofrimento emocional.

• Criança Zangada :
  Esse modo expressa a raiva por necessidades emocionais não atendidas. Pode surgir de forma intensa e até destrutiva, como explosões de raiva, ou de maneira internalizada, como ressentimento reprimido.

• Criança Impulsiva/Indisciplinada :
  É o modo que busca gratificação imediata, ignorando consequências ou regras. Representa a parte que acompanha comportamentos impulsivos, sem considerar limites ou responsabilidades.

• Criança Feliz :
  Esse é o estado em que uma pessoa se sente conectada, aceita e satisfeita. Parece que nos momentos em que suas necessidades emocionais foram atendidas.

3. Modos Pais Internalizados:

Os Modos Pais Internalizados representam vozes internas críticas ou hiperdemandantes que surgem como resultado de experiências negativas com figuras de autoridade, como pais, cuidadores ou professores, durante a infância. Essas vozes são incorporadas à psique do indivíduo e, na vida adulta, podem atuar como juízes internos que invalidam, cobram ou punem, perpetuando esquemas disfuncionais.

Existem dois principais Modos de Pais Internalizados:

•  Modo Punitivo/Crítico :

Esse modo reflete a internalização de mensagens que repreendem, culpam ou invalidam o indivíduo. Ele está associado a sentimentos de culpa, vergonha e autocrítica severa. Esse modo pode ser extremamente destrutivo, promovendo baixa autoestima e autossabotagem.

• Exemplos de mensagens internas:
  • "Você nunca faz nada certo."
  • "Você é um fracasso e não merece ser feliz."
• Origem: Geralmente associado a ambientes onde havia punições frequentes, críticas severas ou expectativas impossíveis de serem atendidas.

•  Modo Exigente/Hiperdemandante :

Nesse sentido, uma pessoa sente uma pressão constante para ser perfeita, produtiva ou atender a padrões elevados, muitas vezes inatingíveis. Ele pode gerar ansiedade, exaustão e um sentimento persistente de inadequação, mesmo quando conquistas são alcançadas.

• Exemplos de mensagens internas:
  • "Você precisa se esforçar mais para ser aceito."
  • "Não há espaço para erros; você tem que ser perfeito."
  • “Se você não é perfeito, ninguém vai gostar de você”
• Origem: Surgiu em contextos de condicionamento ao alto desempenho, onde havia cobranças extremas ou modelos de comparação rígidos e de baixa flexibilidade.

Impacto dos Modos Pais Internalizados :
Esses modos atuam como "vozes internas sabotadoras", invalidando ou criticando o Modo Criança e impedindo o desenvolvimento do Modo Adulto Saudável. Eles perpetuam o ciclo dos esquemas desadaptativos, reforçando sentimentos de insuficiência, medo e desconexão.

Como a terapia ajuda com esses modos pais internalizados?
O papel da Terapia do Esquema é ajudar o paciente a: 

• identificar e confrontar os Modos Pais Internalizados: Tomar consciência dessas vozes internas e compreender suas origens.
• Enfraquecer esses modos: Por meio de técnicas específicas, ajudamos o paciente a desafiar as mensagens críticas e exigentes.
• Fortalecer o Modo Adulto Saudável: Fortalecemos a voz sábia dentro do sujeito através da autocompaixão e da reparentalização limitada, promovendo um senso maior de segurança interna.

4.Modo Adulto Saudável:

O Modo Adulto Saudável é o estado interno que buscamos desenvolver e fortalecer ao longo da Terapia do Esquema. Ele representa uma parte de nós que é sábia e consciente. Este modo tem a capacidade de:

• Acolher o Modo Criança Vulnerável: Validar e atender às necessidades emocionais de nossa parte mais vulnerável, com empatia e cuidado.
• Compreender as estratégias de enfrentamento: Reconhecer como os estilos de enfrentamento desadaptativos (evitação, resignação e hipercompensação) se formaram e por que ainda são ativados, trabalhando para substituí-los por respostas mais funcionais quando necessário.
• Confrontar os Modos Pais Internalizados: Questionar e enfraquecer as vozes críticas e hiperdemandantes que perpetuam esquemas, adotando um diálogo interno mais compassivo e realista.

Para quem é indicado?

A Terapia do Esquema é indicada para quem sente que padrões repetitivos de pensamento, emoção ou comportamento estão dificultando a construção de uma vida mais saudável. É especialmente eficaz para lidar com:

• Relacionamentos disfuncionais;
• Dificuldades de autoestima e autoconfiança;
• Ansiedade e depressão persistentes;
• Traumas emocionais;
• Dificuldades em estabelecer limites;
• Sentimentos de vazio ou frustração constante;
• Entre outras dificuldades.

Essa abordagem oferece um caminho para você se reconectar com suas emoções, atender suas necessidades básicas de maneira saudável e construir relações mais satisfatórias consigo mesmo e com os outros.

Se você achou interessante essa abordagem e deseja começar seu processo de autoconhecimento através da Terapia do Esquema, fique à vontade para entrar em contato e agendar sua sessão.

Young, JE, Klosko, JS e Weishaar, ME (2008). Terapia do esquema: Guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras. Porto Alegre: Artmed

Evelyn Biancon

Psicóloga Clínica - CRP - 07/38316

Pós graduada em Psicanálise Clínica 

Pós graduanda em Terapia do Esquema

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