Postado por Daiane Cristina Daleaste em 27/06/2020 23:27
O dia do orgulho LGBTI é celebrado mundialmente no dia 28 de junho, é uma data que marca a luta a resistência dessa população. No ano de 2019 o Brasil registrou 329 mortes de pessoas LGBT, ou seja, uma pessoa morta a cada 26 horas. Dessas mortes 297 foram homicídios e 32 suicídios.
No primeiro semestre de 2020 o Brasil já registrou 89 assassinatos de pessoas trans. De acordo com a Associacao Nacional de travestis e transsexuais (ANTRA), estima-se que 42% da população Trans já tentou suicídio.
A psicologia tem um papel importante nessa luta, contra a homofobia e a transfobia e a qualquer tipo violência sofrida pela população LGBTI.
Por muito tempo a Psicologia e a Psiquiatria tinham como “padrão de normalidade” a heterossexualidade, aqueles que estavam fora desse “padrão” eram diagnosticados com alguma patologia, perversão ou desvio sexual. Nessa época, muitas pessoas começaram a procurar uma orientação psicológica para uma possível reversão com terapias conversivas. E infelizmente, em 2020 ainda existe Psicólogos que acreditam na cura Gay, na reversão da orientação sexual e da identidade de gênero. Onde não há doença, não há cura!
O Conselho Federal de Psicologia elaborou duas resoluções que estabelecem normas e orientações para atuação dos Psicólogos.
Para a Psicologia a forma com que cada um vive sua sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade.
O Psicólogo deve contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra a população LGBTI. O psicólogo não deve em momento algum propor tratamento e cura das homossexualidades.
Para a Psicologia as expressões e identidades de gênero como possibilidades da existência humana, não devem ser compreendidas como psicopatologias, transtornos mentais, desvios e/ou inadequações.
Identidade de gênero refere-se à experiência interna e individual do gênero de cada pessoa, que pode ou não corresponder ao sexo atribuído no nascimento, incluindo o senso pessoal do corpo e outras expressões de gênero. Além disso, cada sujeito tem autonomia para determinar a sua identidade de gênero.
As psicólogas e os psicólogos, em sua prática profissional, não deve utilizar instrumentos ou técnicas psicológicas para criar, manter ou reforçar preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminações em relação às pessoas transexuais e travestis.
Além da discriminação, preconceito, invisibilidade e violência sofrida, existem as desigualdades sociais e econômicas que podem ter um profundo impacto para a saúde mental da população LGBTI.
Há um grande sofrimento psíquico causado pelo estigma social, e o Psicólogo deve de atuar com responsabilidade, ética, empatia e livre de qualquer preconceito e julgamento, para acolher a pessoa da maneira que ela merece, com gentileza e afeto, independente da sua orientação sexual ou da sua identidade de gênero.
A Psicologia tem um papel fundamental no enfrentamento aos preconceitos e na proteção dos Direitos Humanos da população LGBTI.
“Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades (SANTOS, BOAVENTURA DE SOUSA).”
BOLETIM Nº 03/2020 Assassinatos contra travestis e transsexuais em 2020, 25 de Junho de 2020. Disponível em:https://antrabrasil.org/assassinatos/
Brasil registra 329 mortes de pessoas LGBT+ em 2019, uma a cada 26 horas.Sao Paulo. 23 de abril 2020. Disponivel em: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/04/23/brasil-registra-329-mortes-de-lgbt-em-2019-diz-pesquisa.htm?cmpid
Resolução CFP Nº 001/99, de 22 de março de 1999. Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual”. Recuperado de Resolução do Exercício Profissional 1 1999 do Conselho Federal de Psicologia BR
Resolução CFP Nº 1, de 29 de janeiro de 2018. Estabelece normas de atuação para as psicólogas e os psicólogos em relação às pessoas transexuais e travestis. Recuperado de https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2018/01/resolucao_cfp_01_2018.pdf
Santos, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Introdução: para ampliar o cânone do reconhecimento, da diferença e da igualdade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003: 56).
Daiane Cristina Daleaste
CRP 14/06738-1