Postado por Rosangela Cavalcante em 20/05/2025 08:56
Jogar pode ser uma forma prazerosa de lazer, socialização e até desenvolvimento de habilidades. No entanto, quando o uso de jogos online passa a interferir negativamente na vida pessoal, social, acadêmica ou profissional, é importante ligar o sinal de alerta.
O chamado “vício em jogos” ou uso problemático de jogos online é uma condição que vem ganhando atenção da Psicologia e da saúde mental. A boa notícia é que é possível buscar ajuda e reconstruir uma relação mais equilibrada com o universo digital.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno por uso de jogos digitais é caracterizado por:
Perda de controle sobre o tempo gasto jogando;
Priorização dos jogos acima de outras atividades da vida;
Persistência no comportamento mesmo com consequências negativas.
É importante lembrar que gostar muito de jogos não é um problema em si. O problema surge quando o jogo se torna a única ou principal forma de lidar com emoções, escapar da realidade ou sentir prazer — e, com isso, outras áreas da vida são prejudicadas.
Pela ótica psicodinâmica, o vício em jogos pode ser uma forma inconsciente de lidar com sentimentos difíceis como solidão, insegurança, rejeição, medo do fracasso ou baixa autoestima. O jogo oferece um "refúgio psíquico", onde a pessoa se sente poderosa, no controle ou pertencente a algo.
Nessa lógica, o jogo não é o inimigo, mas um sintoma de algo mais profundo que precisa ser compreendido e acolhido, com respeito ao sofrimento subjetivo de quem vive essa situação.
A abordagem sistêmica observa o contexto em que o comportamento ocorre: relações familiares, dinâmicas sociais, pressões acadêmicas, isolamento e dificuldades de comunicação. Em muitos casos, o jogo preenche um vazio relacional ou é uma forma de escapar de um ambiente que não acolhe ou não escuta.
Famílias marcadas por conflitos, rigidez, negligência emocional ou expectativas elevadas podem favorecer o surgimento desse comportamento como forma de compensação emocional ou tentativa de controle.
Tratar o vício em jogos não significa abandonar o que se gosta, mas sim entender o que o jogo representa e o que está por trás do comportamento compulsivo. A psicoterapia proporciona:
Um espaço seguro para falar sobre emoções e dificuldades;
A identificação de gatilhos e padrões de comportamento;
O desenvolvimento de estratégias de enfrentamento mais saudáveis;
O fortalecimento da autoestima e das relações interpessoais.
Não se trata de impor limites externos, mas de promover autonomia emocional e ampliar os recursos internos da pessoa.
Se você sente que perdeu o controle sobre o uso de jogos ou conhece alguém passando por isso, saiba que a terapia pode ajudar a compreender esse comportamento e encontrar novos caminhos.
Sou a Psicóloga Rosangela Cavalcante, trabalho com abordagens psicodinâmica e sistêmica e ofereço escuta especializada, empática e sem julgamentos para questões relacionadas ao uso excessivo de jogos, ansiedade, relações familiares e autoestima.
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