Postado por Flavia Franciny Costa Rojas em 22/08/2022 16:36
A infância é um período muito delicado em nossas vidas. Não só porque se trata de uma fase onde temos experiências pela primeira vez, mas acima de tudo porque temos pouca maturidade e repertório emocional para lidar com as situações.
Assim, muito do que apreendemos e interpretamos do mundo vem das influências que temos dos nossos cuidadores.
É importante lembrar que a figura do cuidador pode ser desempenhada por qualquer pessoa que ofereceu suporte, não se restringindo aos pais biológicos. Mas aqui vamos utilizar "pais" e "cuidadores" para fins didáticos.
Como eu falei anteriormente, a infância é um período em que as nossas referências de mundo estão começando a serem construídas. Sendo assim, é comum que as influências oferecidas por quem está ao nosso redor sejam marcantes para nós, pois vão ajudar a moldar nossa visão sobre as regras sociais ou familiares.
Algumas pessoas foram criadas por cuidadores/pais que possuíam uma postura rígida ao educar. Isto é, com regras pouco flexíveis ou alto padrão de desempenho (escola, esportes, educação...). É comum pessoas que foram criadas por pais inflexíveis afirmarem não se sentirem satisfeitas com suas realizações e sempre na busca de uma perfeição ou formas de agradar o outro. Não é a toa essa sensação. De fato a auto-cobrança e a sensação de não estarem fazendo o suficiente são formas internalizadas dos pais e mães que um dia exigiram isso diretamente.
Na infância, com poucas condições de discernimento, uma criança não tem condições de reconhecer os excessos dos pais, uma vez que não conhecem outra realidade. É esperado, frente ao contexto, que tal criação seja em alguma medida introjetada. Dessa forma, é comum que ao chegar na idade adulta a sensação de insuficiência seja recorrente, repercutindo também em indecisões, ruminação sobre pequenas decisões e sensação de que está aquém do que poderia ser.
Não é correto resumirmos os pais a vilões, muitas vezes fizeram aquilo que acharam ser o melhor para os filhos. Porém, não podemos negar que uma educação rígida e exigente pode conter consequências que hoje interferem a forma como a pessoa se vê, já adulta.
A dificuldade em externalizar isso acaba sendo um elemento marcante, uma vez que a rigidez das regras não raro vem acompanhado da rigidez do corpo e das emoções.
Poder olhar para a história de vida e analisar como ela ainda repercute nos dias atuais é uma maneira de dar outros contornos para o que aconteceu e cuidar das feridas. Não é sobre tomar pessoas como vilãs ou culpadas, mas reconhecer aspectos da nossa história que podem ter contribuído na nossa forma de lidar com os problemas hoje. E, dentro das nossas possibilidades, tornar a vida mais flexível.
Psicóloga Flávia F. Costa Rojas
CRP 05/60279
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