Erro

O slackline e a impermanência da vida

Postado por João Roque Corazza Martins em 14/11/2024 09:28


em um dia de prática, estavas a associar o caminhar pela fita do slack com nossos passos diante da vida, e percebo que a busca pelo equilíbrio na fita pode muito se relacionar com o que nos deparamos em cotidiano. embora possa parecer complicado o caminhar em equilíbrio pela fita, arrisco em dizer que é muito mais simples do que transitar por um outro terreno qualquer. rsrs em resumo, buscamos um ponto de referência, e estabilidade, frente as oscilações que a fita nos traz, já a vida em si nos atravessa em suas múltiplas direções.

corpo/mente alinhados, foco em uma direção, muita presença ao passo de cada movimento. observar não só o que estás a fazer, mas também aquilo que de externo nos atravessa, e pode, ou não, modificar nossa continuidade. transitar, perceber-se, compreender, adaptar-se. aos poucos vamos confiando e nos desafiando quando necessário, - uma consequência -, vamos nos soltando, assegurando, navegando e fluindo nesta caminhada. há quem se arrisque a fazer piruetas e outras manobras, resultado de um tempo de dedicação e uma boa relação com seu equilíbrio na fita. há quem se expõem e faz de tudo para acontecer, se perde e se encontra no caminho, busca inspirar estabilidade para aprender a viver, conviver, brincar e também jogar com esse mundo. há outros tantos mais reservados, silenciosos e menos extrovertidos, cheios de admiráveis qualidades, - verdade -, seguros e inseguros de si mesmos, sobre o que fazem, o que almejam, quando e como se relacionam. em suma, caminhamos a descobrir um ritmo íntimo pessoal, seja por fora, na borda ou dentro destes tantos mundos e paisagens a qual construímos e nos ambientalizamos.

há quem idealize e romantize uma vida plena sem oscilações, e ai vem a fita, ops, digo a vida, para nos situar, - o que por momentos vejo que não entendemos-, de que nem sempre estaremos colhendo os melhores resultados de nossas aspirações, que não é todo dia que estaremos em nossa melhor forma e versão, de que por momentos não estaremos equilibrados e focados para lidar com as inúmeras situações e sensações que o viver nos traz, também que poderemos não ter as melhores palavras e ações quando o instante nos solicitar acalento ou resolutividade. em contrapartida, muito possivelmente em tantos outros momentos muito possa fluir diante daquilo que depositamos afeto e atenção. mas muita hora nessa calma. a vida e a fita não são lineares, são impermanentes. demandam muita flexibilidade e jogo de cintura, exigem que busquemos equilíbrio em meio ao próprio movimento e tudo o que reverberar disso. a fita e a vida suplicam desapego. eu não posso me apegar ao primeiro passo, ao segundo, ao terceiro ou quarto, tampouco à chegada, tão quanto ao passo errado resultando uma queda. a chegada é só um ponto de partida, a gente segue aprendendo, um passo de cada vez e não estamos no mesmo lugar.






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