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O PAI AUSENTE: O QUE ISSO DIZ SOBRE O AFETO?

Postado por Ana Clara Damasceno Palombo em 09/10/2025 19:52


A ausência do pai é um tema que convoca reflexão, mais do que julgamento, mais do que explicação. Na psicanálise, fala-se da função paterna, que vai além da presença física e biológica. Essa função se manifesta como referência simbólica — um limite que organiza, um cuidado que acolhe, uma proteção que cria sentido. Não se trata de quem está, mas de como a presença, mesmo ausente, se faz sentir.

Quando o pai real não está, a função paterna pode se manifestar em outros lugares. Uma avó que escuta, um professor que orienta, um amigo que apoia, até um vizinho que se dispõe a acompanhar. São presenças que, de alguma forma, ocupam o espaço simbólico, oferecendo limites e referência, mostrando que a ausência física não é ausência de significado.

A psicanálise também convida a olhar para a presença simbólica. Mesmo que o pai esteja distante, o registro da sua função — aquilo que representa, ensina ou limita — continua a existir na relação com o mundo. A ausência, nesse sentido, não é apenas vazio; é espaço de construção, campo para reflexões sobre limites, vínculos e afetos.

Pensar sobre a paternidade ausente é, então, perceber como diferentes figuras podem atuar como mediadoras dessa função, como referências que se estendem além do que está presente. Não se trata de medir impacto ou determinar caminhos, mas de observar como o simbólico se organiza e se manifesta, como o vazio e a presença se entrelaçam na experiência humana.

Crescer é desvendar o que cada presença — ou ausência — deixou, reconhecendo rastros simbólicos, refletindo sobre eles e transformando-os em material para a compreensão de si mesmo. A análise psicanalítica não substitui, não preenche, mas permite perceber, interpretar e dar sentido ao que esteve ou deixou de estar.

Entre ausências e presenças, encontra-se um espaço de exploração e reflexão, um campo onde o simbólico se mostra, onde o silêncio pode ser ouvido e onde cada marca, visível ou invisível, se torna ponte para pensar sobre relações, afetos e construções internas. É nesse diálogo entre presença e falta que a reflexão se abre, oferecendo um olhar atento sobre a complexidade da experiência humana.

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Ana Clara Damasceno

Psicóloga- CRP 06/181018

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