Postado por Letícia Durães de Souza em 08/05/2022 17:45
O tema “vazio existencial” surgiu através das demandas surgidas na clínica na atualidade, as procuras por atendimento psicológico entre várias questões, estão os sujeitos que não encontram “sentido na vida”, suas atividades e sua rotina, parecem vazias, sem prazeres, o viver se torna pesado, difícil, nada trás satisfação, mesmo que muitas vezes, os relatos são de estarem fazendo aquilo que gostam.
Esse vazio, um espaço cheio de “nada”, um nada que se traduz por expressões depressivas e melancólicas é entendido a partir da constituição psíquica do sujeito, e além disso, vivemos em uma sociedade que busca a felicidade a qualquer preço.
Mas então porque o imenso vazio? Vazio que não é suprido pelas atividades, lazeres, relacionamentos, em tudo parece faltar algo, a busca da felicidade e da estabilidade parece cada vez mais utópica, não há satisfação na existência, onde a depressão e a melancolia se fazem presentes, falta nomes a dar à angustia que se sente. Nada preenche.
O que se sabe, é que envelhecemos assim que nascemos, perdas ao decorrer da vida é inevitável e com isso a sensação de luto, “do tempo que escorre das mãos” e que fica para trás a cada instante. O questionamento sobre quem é, o que faz, qual o verdadeiro motivo das escolhas, os propósitos, emoções e pensamentos que levam distante do aqui-agora e cada vez mais distante de si mesmo. A falta de sentido e seus questionamentos, trazem na verdade a vontade do sentido, a busca por sentir, e que muitas vezes na busca da felicidade, encontra-se a depressão. É neste estado depressivo que a solidão se torna mais evidente, a sensação de estar sozinho consigo mesmo diante do mundo se aprofunda. Há um embotamento dos sentimentos, das relações e da vida como um todo. A sensação de abandono, insignificância e falta de amor a si próprio. O fato é que a vida não é linear, ela é oscilante, e após o “feliz para sempre”, vem a rotina, a vida real é bem diferente dos contos de fada.
Muitos de nós, em diversos momentos de nossas vidas, nos deparamos com uma sensação de vazio. Ela ocorre em diversos momentos da vida, por razões muito diferentes e que pode ser por exemplo, por sentir falta de alguma coisa. Podemos abandonar a nós mesmos, mesmo que inconscientemente, seja por depressão e falta de motivação, ou por estar se esforçando ao extremo para obter a perfeição e a aprovação dos outros. O vazio se coloca entre o nada e o ser, Freud encontra a raiz destas desordens angustiantes na ansiedade causada por motivos inconscientes e conflitantes que podem existir desde a mais tenra idade. A vida vista como uma linha do tempo, em que momento pausou os desejos, os sonhos. Somos seres desejantes, e é isso que nos faz caminhar e olhar para o aqui e o agora com mais otimismo.
A clínica do vazio e suas patologias, incluem diagnósticos como os transtornos borderline e narcisista de personalidade, o conceito de falso self e o autismo, com isso podemos conhecer de perto as inquietudes da alma humana. Considera-se que o sentido de vida independe de situações de prazer e de realização e que é possível obtê-lo ainda que exista um sofrimento.
Como disse FRANKL, V. (2003)
Em geral, o que o homem quer não é o prazer; quer o que quer, sem mais. Os objetos do querer humano são entre si diversos, ao passo que o prazer sempre será o mesmo, tanto no caso de um comportamento valoroso como no caso de um comportamento contrário aos valores. Daí que o reconhecimento do princípio do prazer conduza inevitavelmente ao nivelamento de todas as possíveis finalidades humanas. Com efeito, sob esse aspecto, seria completamente indiferente que o homem fizesse uma coisa ou outra.... Se realmente víssemos no prazer todo o sentido da vida, em última análise, a vida pareceria sem sentido. Se o prazer fosse o sentido da vida, a vida propriamente não teria sentido algum (Frankl, 2003, p. 68).
A psicologia como ciências biológicas se insere nesse contexto a fim de proporcionar autonomia para os diversos caminhos da subjetividade, o bem-estar é individual assim como a ideia de felicidade, do sentido da vida e dos valores. O autoconhecimento transforma, o olhar a nós mesmo nos faz entender aquilo que amamos, aquilo que gostaríamos de mudar em nós mesmos e compreender que a dor é insubstituível e incomparável.
Permita-se visitar os "porões da sua mente" e transformar sua história.
Sou psicóloga desde 2019 e pós graduanda em Psicanálise. Atuo como psicóloga clínica atendendo presencialmente e on-line. Tenho prazer em ajudar meus pacientes a desenvolverem as ferramentas que precisam para lidar com todos os desafios de sua existência. Acredito que podemos criar um mundo melhor através da diminuição do sofrimento humano e coloco-me a serviço deste princípio em todas as dimensões da minha vida.
Fonte do artigo acima é parte inacabada do meu Trabalho de Conclusão de Curso da pós Graduação.
Abraços com carinho!
Letícia.