Erro

O EFEITO DAS REDES SOCIAIS NA CONSTRUÇÃO DA AUTOESTIMA

Postado por Maicol José Bergo em 13/01/2025 10:33


As redes sociais não são (apenas) janelas para o mundo, mas também espelhos que distorcem e fragmentam nossas próprias imagens. Há nelas algo que atrai, um fascínio quase narcísico, mas também um vazio. Nesses espaços de cliques e deslizes, o sujeito tenta se encontrar, mas o que encontra é um reflexo filtrado, curado, polido — um reflexo que raramente o reconhece.

A construção da autoestima, desde os primeiros passos da vida psíquica, depende do olhar do outro. É no encontro com esse olhar que a criança percebe a si mesma como um ser valioso. Porém, nas redes sociais, o olhar não é um gesto, é uma métrica. Curtidas, comentários, compartilhamentos: números que tentam medir o imensurável. E assim, aquilo que é único no sujeito se perde, trocado por padrões que pouco ou nada dizem sobre quem ele realmente é.

Em meio a timelines e feeds, a comparação se torna inevitável. O outro, idealizado e distante, parece sempre estar um passo à frente, vivendo a vida que deveria ser nossa. Surge uma sensação de inadequação que gruda na pele e sussurra: “Você não é suficiente.” Mas de onde vem essa voz? Talvez do próprio funcionamento das redes, que privilegiam o espetáculo, o brilho do exterior, enquanto abafam o que há de mais humano: a fragilidade, o erro, a singularidade.

E tudo acontece tão rápido. Um deslizar de dedos, e outra imagem surge, outra vida, outro ideal. Não há pausa para refletir, para digerir, para elaborar. O eu se fragmenta em pedaços pequenos demais para serem colados. Ainda assim, seguimos ali, presos nesse ritmo, buscando algo que talvez não esteja lá.

Mas as redes sociais não são vilãs completas. Para muitos, são espaços de pertencimento, onde encontram ecos de suas experiências, onde suas vozes são ouvidas e validadas. Existe uma possibilidade de acolhimento, mas ela exige que aprendamos a habitar esses espaços com menos urgência e mais consciência.

No fim, a questão não é abandonar as redes, mas questioná-las. Que tipo de autoestima podemos construir num mundo que insiste em reduzir o sujeito a um número? Talvez seja hora de desviar o olhar da tela e voltar-se para si, para o que existe além dos filtros e likes. Porque só assim, entre os silêncios e os vazios, podemos redescobrir o valor de quem somos, sem pressa, sem espetáculo, apenas com a simplicidade de existir.

Maicol José Bergo
Psicólogo Clínico
CRP: 06/153058

WhatsApp: (17) 98214-5882
Instagram: @maicolbergo               






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