Postado por Diego do Nascimento Souza em 30/09/2025 10:33
Há um peso que muitos carregam em silêncio: a vergonha do que já foi dito, feito ou vivido. É como se o “eu” de ontem continuasse nos seguindo pelas ruas da memória, sempre pronto para nos lembrar daquilo que gostaríamos de esquecer.
A vergonha é traiçoeira. Ela não apenas nos lembra do erro, mas tenta convencer a nossa mente de que somos o erro. E, quando acreditamos nessa mentira, passamos a viver como reféns de um passado que não pode ser mudado.
Muita gente acredita que a saída é apagar lembranças, recalcar emoções ou “fingir que nunca aconteceu”. Mas isso só dá mais poder ao fantasma da vergonha. Quanto mais tentamos enterrar, mais ele volta, como uma voz que insiste em ecoar.
O desafio não está em negar o passado, mas em aprender a ressignificá-lo. O “eu” de ontem pode ter cometido equívocos, mas também abriu caminhos para o aprendizado do hoje. Sem aquele tropeço, você talvez não tivesse desenvolvido a sensibilidade que possui agora.
Vergonha se dissolve quando olhamos para nós mesmos com a mesma compaixão que oferecemos aos outros. Você perdoa amigos, entende familiares, mas raramente se permite acolher a sua própria humanidade. Por quê?
É preciso lembrar que ninguém é estático. A pessoa que você foi ontem já não existe mais. Você é um ser em constante construção, e o tijolo que mais pesa — a vergonha — pode ser transformado em degrau.
A pergunta não deveria ser “como esquecer o que fiz?”, mas “como posso usar o que aconteceu para viver melhor daqui para frente?”. O passado só é prisão se você permanecer algemado a ele.
Olhar para trás sem julgamento é libertador. Não significa justificar, mas compreender que naquele momento você fez o melhor que conseguiu, com os recursos emocionais que tinha. Hoje você tem mais recursos, mais maturidade, mais consciência.
Se o seu “eu” de ontem ainda te persegue, talvez seja hora de parar de correr dele e começar a dialogar com ele. Acolher, compreender e transformar — esse é o caminho para que a vergonha dê lugar à reconciliação consigo mesmo.
E, se esse diálogo parece difícil de fazer sozinho, a terapia pode ser o espaço seguro para iniciar esse processo. Eu posso te ajudar a atravessar esse caminho.
Psicólogo Diego di Nascimento
CRP 19/003079
WhatsApp: (79) 9 9893-3474