Erro

Menopausa - O tempo não me leva. Ele me revela.

Postado por Maria Paula Schincariol Salomao em 08/07/2025 11:02


A menopausa além do corpo 

A menopausa é o nome dado à última menstruação da mulher, geralmente entre os 45 e 55 anos. Mas os efeitos dessa transição vão além do ciclo reprodutivo: mexem com nosso corpo, nossa mente e nossas emoções.

  • Aspectos fisiológicos e hormonais: queda dos níveis de estrogênio e progesterona.

A menopausa é um processo biológico natural, mas nem por isso simples. Nesse período, o corpo feminino passa por uma queda gradual dos hormônios estrogênio e progesterona — dois dos principais responsáveis pelo equilíbrio do nosso ciclo menstrual, fertilidade, temperatura corporal, lubrificação vaginal, qualidade do sono, entre outros fatores.

Imagine o estrogênio como uma orquestra invisível que rege o funcionamento do corpo feminino. Quando sua música começa a diminuir, muitas coisas parecem desafinar: o sono pode se tornar leve demais, o calor pode surgir de repente em ondas intensas, e até a pele parece mais sensível, mais fina.

Esse desequilíbrio não é sinal de "fim", mas de um recomeço — o corpo está encontrando um novo ritmo, um novo tipo de equilíbrio.

Não é que você esteja perdendo sua vitalidade. É que ela está mudando de forma — e precisa ser reencontrada.”

  • Impactos neuropsicológicos: alterações na memória de curto prazo, atenção e raciocínio podem ocorrer.

Menopausa e o Cérebro: o que acontece com a massa cinzenta?

Durante a menopausa, a queda dos hormônios — especialmente o estrogênio — pode causar redução temporária da massa cinzenta, afetando áreas ligadas à memória, atenção e regulação emocional. Isso explica por que muitas mulheres relatam lapsos de memória, cansaço mental e sensação de “nevoeiro” nessa fase. Mas há uma boa notícia: o cérebro é adaptável. Com o tempo, ele passa por uma reorganização natural, e em muitas mulheres, a massa cinzenta se recupera parcialmente ou totalmente, especialmente quando há hábitos saudáveis e cuidado emocional. Isso mostra que a menopausa não representa um declínio irreversível, mas sim uma fase de transição e transformação — inclusive no cérebro.

A ciência tem mostrado que, junto à queda hormonal, ocorrem alterações em neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, o que pode afetar temporariamente o funcionamento do cérebro — especialmente em áreas ligadas à atenção, memória e raciocínio lógico. Quantas vezes você já entrou em um cômodo e esqueceu o que foi buscar? Ou sentiu como se estivesse no “piloto automático”, sem conseguir manter o foco? Isso é mais comum do que parece — e não é falta de inteligência ou “idade chegando”, mas uma fase transitória. O cérebro está reagindo a uma mudança profunda em sua química interna.

  • Impactos emocionais: aumento da irritabilidade, tristeza sem causa aparente, ansiedade e sensação de vazio.

É impossível falar de menopausa sem reconhecer o turbilhão emocional que a acompanha. Muitas mulheres relatam uma sensação de vazio, tristeza sem explicação clara, irritabilidade intensa, ansiedade e até um sentimento sutil — mas doloroso — de estarem “perdendo a si mesmas”.

“Às vezes, choro e nem sei o porquê.”
“Sinto raiva por coisas pequenas e depois me culpo.”
“Parece que ninguém me entende.”

Essas emoções, muitas vezes, não são faladas. São guardadas. E por isso mesmo gritam de outras formas: na pele que coça, no sono que desaparece, na falta de desejo ou na vontade de fugir do mundo. Mas sentir tudo isso não é fraqueza. É um pedido de escuta. Seu corpo e sua alma estão lhe pedindo cuidado. Aceitar o que se sente é o primeiro passo para cuidar de si.

 


Transformações emocionais mais comuns

  • Oscilações de humor

Essas oscilações são comuns devido às alterações hormonais que afetam diretamente os centros emocionais do cérebro.
Mas cada emoção traz uma mensagem: o que precisa ser acolhido? O que pede espaço dentro de você?

  •  Irritabilidade e cansaço emocional

O corpo está lutando para se reorganizar, e isso consome muita energia. As tarefas do dia a dia parecem maiores, as pessoas mais exigentes, o mundo mais barulhento. Isso pode provocar impaciência, frustração e uma sensação constante de esgotamento.

Você não está “implicante” — você está esgotada, talvez sem conseguir pedir ajuda.

  •  Sensação de inadequação ou perda de identidade

Talvez você tenha se perguntado:
“Quem sou eu agora que não menstruo mais?”
“Meu corpo mudou... mas será que ainda sou desejável?”
“Será que ainda sou a mulher de antes?”

Essas perguntas não são fúteis — são existenciais. Porque a menopausa não mexe só com o corpo, mas com a forma como nos vemos no espelho e no mundo.

“Você não é menos mulher. Está apenas conhecendo uma nova versão de si. E toda versão que nasce merece ser cuidada.”

📊 Dado relevante: Cerca de 80% das mulheres apresentam sintomas físicos e emocionais na perimenopausa. (Fonte: NAMS, 2023)






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